São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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Comitê é exumado uma vez por ano

DO EDITOR DO PAINEL S/A

"No Brasil, muitos conselhos existem apenas por imposição legal ou estatutária. Eles são 'exumados' uma vez por ano antes da assembléia geral dos acionistas para dar uma impressão de que existem".
O comentário é de João Bosco Lodi, e está no seu livro "Conselho de Administração" (Biblioteca Pioneira de Administração e Negócios).
Lodi entende que o Conselho é mais eficaz quando a empresa tem um comitê de auditoria, com o qual os conselheiros se reúnem. O Conselho não pode cair na armadilha do presidente forte", adverte.
Ele apóia a idéia de Roberto Teixeira da Costa, que sugere que os conselheiros externos se reúnam duas ou três vezes por ano, sem a presença dos "insiders", para unificar procedimentos.
"A companhia deveria proporcionar uma assessoria independente para os conselheiros, o que não se confunde com assessores da própria empresa. É importante o conselheiro ouvir terceiros".
Os conselheiros profissionais devem limitar o número de empresas aos quais prestam serviços. "Se eles atuam em muitos conselhos, não têm tempo de fazer o dever de casa", diz.
Segundo Lodi, na iniciativa privada os conselhos não podem esperar a eficiência de fiscalizações do Banco Central: "O conselho tem que exigir dos sócios as informações. Tem que falar com outras pessoas da empresa. Tem que descobrir informações".
Delimitando áreas
Lodi diz que também é preciso definir quais são os "níveis de alçada". Ou seja, o que é e o que não é atribuição do conselho. É necessário definir atribuições, além daquelas previstas na lei.
É preciso muito cuidado com os conflitos de interesse. Os conselheiros podem estar envolvidos em algumas atividades que o impedem de votar. Antes de assumir, o conselheiro deve procurar identificar os contenciosos contra a empresa nas questões de ambiente, de proteção ao consumidor, recomenda.
Em seu livro, Lodi cita que o caso mais conhecido de responsabilização de conselheiros ocorreu com Mauro Salles, Hélio Smidt e Wolfgang Sauer, então no Conselho de Administração do Brasilinvest, de Mario Garnero.
Eles tiveram suas contas arrestadas e não podiam viajar sem autorização do juiz. "O caso Brasilinvest popularizou a idéia de um Conselho que não sabe o que a diretoria da empresa está fazendo, situação que não difere de outras por aí", diz Lodi.

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