São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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Credibilidade é o fator vital

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Melhor do que ter dinheiro é ter crédito. A frase é do economista do Banco de Boston, José Antônio Pena Garcia, para definir a necessidade de o governo ajustar suas contas.
Para ele, "as reformas têm peso modesto no curto prazo, mas o importante é como elas atuam no nível das expectativas".
EUA, Bélgica e Itália, citou, têm déficits, mas não se coloca em discussão se as dívidas serão ou não pagas. "A questão não é o tamanho do déficit, mas credibilidade. Se o mercado tivesse a certeza que tendência seria de um déficit declinante já não haveria problema."
Mas -e este é o dilema- não existe essa certeza. As últimas derrotas do governo no Congresso não colocaram em dúvida somente a velocidade das reformas, sabidamente lentas, mas sua própria viabilidade.
Hoje, como diz o economista do ING Barings Mauro Schneider, "o país vive não com crédito, mas no saldo do cheque especial".
Uma das heranças do passado é uma dívida interna com vencimento muito curto. Assim, continua presente o risco de o investidor mudar de idéia e não comprar mais os títulos do governo.
Enterrar esse temor é, com as reformas, tornar o Orçamento equilibrado. Ou, como prefere o economista do Citibank Amaury Bier, "tornar o Orçamento estruturalmente voltado para o equilíbrio".
Flávio Nolasco, da MA Consultores, prefere colocar a discussão em outros termos: o do crescimento.
Para financiar o déficit, o governo é obrigado a sugar recursos poupados pelo setor privado, reduzindo a capacidade de investimento.
Além disso, por não ter capacidade para usar a política fiscal (já que é deficitário) para controlar o consumo, o governo é obrigado a usar os juros altos, obrigando o setor privado a arcar com os custos. "Essa questão, perversa, ficou clara em 95", diz.
(JCO)

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