São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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Um bom BC

ÁLVARO ANTÔNIO ZINI JR.

O governo vem insistindo em tese errada: a de que uma CPI sobre os bancos é inconveniente e irresponsável. Mas produz efeito oposto: reforça a suspeita de irregularidade.
Se o sistema é saudável, e o caso do Nacional, uma exceção, por que não investigar?
Importante são as mudanças a serem feitas no BC e na legislação. O deputado Benito Gama, homem sério, parece que irá cuidar da matéria.
O que um bom Banco Central deve fazer? Primeiro, conduzir a política monetária de modo a suprir a economia com a liquidez necessária e zelar para que a inflação seja mínima.
Segundo, fiscalizar os agentes financeiros, de modo a coibir práticas que coloquem em risco indevido os recursos captados de terceiros.
Não há problema algum em que essas duas funções sejam exercidas pela mesma instituição, como na Alemanha e na França. Mas há aspectos a mudar com relação ao BC.
É preciso algum controle externo, institucionalizado, sobre os atos de sua diretoria.
Uma idéia em exame é reforçar o poder de alguma das comissões do Congresso, para quem o BC prestaria contas de seis em seis meses. O lado ruim é que se pode dar mais poder a políticos despreparados.
Sugiro uma alternativa: que essa comissão de controle seja uma espécie de "conselho de sábios", como na Alemanha.
Só se qualificariam juristas, auditores, economistas de reputação ilibada e notório saber. Paralelamente, o BC ganharia maior independência para conduzir a política monetária, com a meta de manter a inflação em nível baixo.
Na próxima semana voltarei ao assunto, sugerindo mudanças na resolução 1.524/88 do BC (que autorizou a criação dos bancos múltiplos).

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