São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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CEF quer reduzir custo com funcionários

VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dos principais problemas da CEF (Caixa Econômica Federal) é o alto custo médio mensal dos empregados, quando comparado com bancos privados.
Enquanto o custo da CEF, entre janeiro e junho do ano passado, foi de R$ 1.634, o Bradesco teve um custo de R$ 926; o Itaú, de R$ 1.013; e o Bamerindus, de R$ 1.081, conforme dados obtidos pela Folha.
O custo administrativo no primeiro semestre do ano passado também ficou acima do verificado em bancos privados.
Na CEF, de janeiro a junho, foi de R$ 1,8 bilhões, contra R$ 1,1 bilhão no Bradesco e R$ 740 milhões no Bamerindus. Além disso, os dois bancos privados têm menos funcionários.
"É um problema que precisamos enfrentar", disse o presidente da CEF, Sérgio Cutolo.
Além de concluir a reestruturação de pessoal, o que implica demissão de funcionários, as outras prioridades da CEF este ano são a redução da inadimplência (atraso nos pagamentos) e a informatização da rede de atendimento.
Ajuste
Cutolo disse que os bancos brasileiros, incluindo a CEF, ainda precisam de mais ajustes para sobreviver numa economia com baixa inflação.
A CEF teve uma queda de 50% na sua receita de intermediação financeira entre 1994, quando ficou em R$ 41,9 bilhões, e 1995, quando caiu para R$ 20,8 bilhões.
O resultado da empresa no ano passado foi bom: lucro líquido de R$ 221,3 mil.
A CEF aumentou suas receitas de loterias em 195% -passou de R$ 541 milhões em 1994 para R$ 1,6 bilhão em 1995- e de tarifas bancárias e prestação de serviços em 124% (subiu de R$ 625 milhões, em 1994, para R$ 1,4 bilhão, no ano passado).
Demissões
"Não deu para compensar as perdas inflacionárias. O que fizemos em 95 foi resolver problemas do passado", disse Cutolo.
Segundo ele, isso representou uma receita adicional de R$ 3,8 bilhões junto ao setor público e a entidades de crédito imobiliário liquidadas no passado.
O processo de reestruturação iniciado no ano passado terá continuidade. A CEF inicia no próximo dia 25 o seu programa de demissão voluntária.
As inscrições poderão ser feitas até 9 de abril e o processo deve ser concluído até 31 de maio. O objetivo é reduzir as despesas mensais em R$ 23 milhões.
O total de funcionários da instituição é hoje de 63 mil e a diretoria espera demitir entre 3.800 e 5.000 pessoas como o programa.
No primeiro semestre do ano passado, já diminuiu o total de empregados em 11.233, incluindo somente as pessoas contratadas para prestação de serviços.
FCVS
Também é considerada prioridade da diretoria uma solução para a dívida do FCVS (Fundo de Compensação das Variações Salariais) com a CEF, algo em torno de R$ 10 bilhões.
O assunto está sendo negociado com o Tesouro Nacional desde o ano passado. A idéia defendida pela CEF é receber o pagamento em títulos públicos.
Cutolo disse ainda que existem 100 mil empreendimentos considerados problemas porque foram financiados com recursos da CEF, mas ainda não foram comercializados (vendidos).
A maioria deles tem um custo inferior ao do financiamento, muitos foram invadidos ou a construção não foi concluída.

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