São Paulo, quinta-feira, 21 de março de 1996
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Jogo pesado

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

- O governo está jogando pesado?
- Muito pesado.
O diálogo entre a Manchete e um senador da Paraíba, Ronaldo Cunha Lima, do grupo do senador do Amapá (claro, do Maranhão) José Sarney, foi parte do dramalhão que virou o conflito entre presidente e ex-presidente.
Um conflito que foi seguido como novela. O paralelo com um produto do gênero, o caso O.J. Simpson, é esclarecedor. O caso recuperou a CNN, que andava a perigo até estrear a "soap-opera".
Aqui, a novela estabeleceu de vez a CBN e o Jornal da Hora, da Bandeirantes.
Também os demais. Ontem, cada capítulo, por exemplo, cada uma das cinco reuniões do senador paraense Jader Barbalho com o presidente da República ecoava em suspense na cobertura.
Assim, segundo o Jornal da Hora, à tarde, "líderes como o do PMDB, Jader Barbalho, já falam mais manso". Na CBN, à noite, "Jader Barbalho de repente passou a provocar mudanças de posição".
Era o jogo "muito pesado". O dia acabou, nos telejornais das grandes redes, com a divulgação -e o alívio- do "esvaziamento da CPI", talvez o fim da novela.
Mas a exemplo do caso O.J., que deixou um gosto amargo, que foi a consciência da divisão racial, também aqui o caso pode deixar mais do que o alívio dos telejornais.
E não se trata só da desconfiança quanto à atitude do Banco Central e do presidente no escândalo.
FHC cedeu aos senadores, aos coronéis do norte. Vai saber o quê, como diziam todos, ontem, mas cedeu.
Carioca paulista
Por falar em geopolítica, ou geofisiologismo, uma frase de FHC na Voz do Brasil:
- Eu sou um carioca paulista e tenho que trabalhar para que o eixo Rio-São Paulo não predomine. Imagine a dificuldade.

E-mail: nelsonsa@folha.com.br

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