São Paulo, quinta-feira, 21 de março de 1996
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Planalto quer aprovar Previdência hoje

DENISE MADUEÑO
GABRIELA WOLTHERS

DENISE MADUEÑO; GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Governistas calculam que emenda elaborada pelo relator Michel Temer já conta com 335 votos favoráveis

O governo decidiu colocar em votação hoje a emenda da reforma da Previdência. Os líderes governistas calculam que haverá número para aprovar a última versão do projeto elaborado pelo líder do PMDB, deputado Michel Temer (SP).
Pela conta dessas lideranças, a emenda conta com 335 votos a favor. O deputado da oposição José Genoino (PT-SP) afirmou que, "na ponta do lápis", o governo conta como certos 318 votos.
Para ser aprovada, a emenda precisa de 308 votos. Ontem, o governo passou por um teste dos números. Conseguiu rejeitar um requerimento que pedia o adiamento da votação.
O placar registrou 311 votos favoráveis ao governo contra 152 e 6 abstenções -total de 469 deputados. Ainda que tenha obtido apenas três votos a mais do que vai precisar na votação de hoje, os líderes permaneciam com a disposição de colocar a emenda a voto.
Limite
"Os 152 votos contrários é o limite que a oposição vai conseguir", disse o vice-líder do governo, Benito Gama (PFL-BA).
Segundo ele, o governo pretende colocar hoje no plenário 490 deputados, o que daria uma margem maior de vitória.
Desde ontem, as lideranças governistas estão convocando um por um dos parlamentares da base de apoio ao governo.
O trabalho inclui também a confirmação dos votos dos que já se declararam favoráveis ao projeto.
No último dia 6, o governo foi derrotado na tentativa de aprovar o projeto da Previdência. O placar registrou 294 votos a favor da proposta, 14 a menos do mínimo necessário.
Destaques
Ontem, depois da leitura da proposta no plenário, o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), abriu o prazo até a sessão de hoje para a apresentação de destaques para votação de dispositivos de forma separada.
A atitude de Luís Eduardo provocou protestos da oposição no plenário. Os deputados queriam discutir a proposta.
"Essa é a decisão, e não tem mais diálogo", disse Luís Eduardo. O relator Michel Temer ainda intercedeu na tentativa de permitir que dois deputados falassem a favor e contra a proposta, mas não conseguiu o recuo de Luís Eduardo.
O otimismo do governo se deu, em grande parte, pela constatação de que diminuíram as resistências no PPB e no PMDB, partidos da base governista com maiores dissidências na última votação.
A intervenção direta do presidente Fernando Henrique Cardoso, com a garantia de um ministério para o PPB, diminuiu o descontentamento pepebista.
Após a reunião da bancada com o relator Michel Temer, o deputado Jair Bolsonaro (RJ), contrário à reforma, resumiu: "Vários votos já mudaram. Está mudando tudo".
Segundo o vice-líder do partido Gerson Peres (PA), pelo menos 15 dos 27 deputados que votaram contra o projeto mudaram seus votos. Os números apresentados pelo deputado Francisco Dornelles (RJ) indicam que 11 deputados mudaram de posição.
"A partir de agora, já tem uma decisão nesta Casa que não se faz nada sem o PPB", disse o líder do partido, Odelmo Leão (MG).
PTB
O líder do PTB, partido da base de apoio ao governo, Pedrinho Abrão (GO), não conseguiu ontem fechar o apoio dos 29 deputados do partido ao governo.
Em reunião com a bancada, ele pediu que se desse um "presente ao presidente" votando unidos. Mas não convenceu. Pelo menos cinco resistem a mudar o voto.
"O governo nos colocou em uma sinuca de bico. Ameaçou que iria retaliar os dissidentes e, agora, mesmo que concorde com o projeto, que melhorou, não posso voltar atrás", disse o deputado Paulo Heslander (MG).

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