São Paulo, quinta-feira, 21 de março de 1996
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Metalúrgicos votam sobre racha no ABC

MARCELO MOREIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD vai realizar em abril uma série de assembléias e plebiscitos em todas as fábricas da região para saber se os trabalhadores querem manter ou não a unificação dos antigos sindicatos de Santo André e São Bernardo (no ABCD paulista).
Filiados à CUT, estes sindicatos se fundiram em 1993 após sete anos de negociação, transformando a nova entidade em uma das maiores e mais importantes da central.
A decisão de realizar a consulta sobre a fusão foi anunciada ontem pelo secretário-geral do sindicato, Carlos Alberto Grana, na sede das entidade unificada, em São Bernardo (Grande São Paulo).
A razão da medida é a saída de 15 dos 27 diretores das sedes regionais de Santo André e Mauá da chapa única que disputará a eleição no sindicato em maio.
Os 15 diretores, liderados pelo vice-presidente por Santo André, Cícero Firmino da Silva, romperam com a direção executiva porque não tiveram atendidas reivindicações de maior autonomia financeira e política para as sedes regionais.
Estopim
O estopim da crise foi há duas semanas, na convenção que indicaria cinco diretores da Cofap para a chapa única.
Foram eleitos quatro funcionários ligados ao chamado grupo de São Bernardo, provocando protestos do grupo liderado por Silva, que admite até a hipótese de separar os dois sindicatos.
O anúncio das assembléias pela unificação foi feito na presença dos 12 diretores das sedes regionais de Santo André e Mauá que apóiam a fusão dos sindicatos.
"Queremos deixar bem claro que não são os diretores de Santo André que querem a separação. É apenas uma parte que decidiu não mais participar da diretoria do sindicato", afirmou Grana, eleito pela Brosol de Ribeirão Pires.
Segundo ele, a unificação foi benéfica para a região de Santo André, Mauá e Ribeirão Pires. "A estrutura das sedes regionais melhorou muito e o sindicato ficou mais forte. Ninguém foi relegado ao segundo plano."
Cícero Firmino da Silva afirmou que aceita a realização do plebiscito desde que ele participe da coordenação do pleito. "A consulta à categoria é fundamental em qualquer sindicato, mas o processo tem de ser transparente."
Ele reafirmou ontem que a sede de São Bernardo despreza a sede regional de Santo André, que, segundo ele, "foi anexada e neutralizada".
Força Sindical
Grana também afirmou que já está sabendo que Cícero Firmino da Silva está recebendo apoio da Força Sindical.
"Recebemos informação de que ele almoçou com o Paulinho e o Cidão para pedir ajuda."
Paulinho é Paulo Pereira da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, e Cidão é Aparecido Inácio da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, ambos diretores da Força Sindical.
Silva, Cidão e Paulinho negaram que tenham se encontrado. "Sou cutista. Jamais os procuraria", afirmou Silva.
Cidão desmentiu o almoço, mas afirmou que Silva o procurou na última segunda-feira. "Um diretor meu me disse que ele telefonou, mas eu não estava. Se ele quiser conversar, estou às ordens."
Entretanto, diretores da sede regional de Santo André e dos sindicatos de São Caetano e São Paulo, que pediram para não ser identificados, confirmaram os encontros.
Segundo eles, nesses encontros a Força Sindical teria se oferecido para emprestar suas gráficas para material de propaganda.

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