São Paulo, quinta-feira, 21 de março de 1996 |
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Pacote reúne os gigantes do jazz moderno
CARLOS CALADO
No entanto, mais uma dúzia de outros notáveis músicos do gênero participam dos quatro CDs que a BMG já enviou às lojas. O título do álbum "Miles Davis and The Modern Jazz Giants" está longe de soar cabotino. Nessas gravações de meados dos anos 50, o superstar do trompete "cool" tinha mesmo a seu lado uma seleção de gigantes do jazz moderno. Trata-se de um quinteto inusitado. Numa única sessão, Miles reuniu a genialidade de Thelonious Monk com a classe de três membros do Modern Jazz Quartet: Milt Jackson (vibrafone), Percy Heath (baixo) e Kenny Clarke (bateria). Em quatro faixas longas, incluindo duas versões diferentes de "The Man I Love" (dos irmãos Gershwin), o quinteto mostra que, no jazz, tocar com músicos de estilos diferentes pode funcionar como estímulo criativo. O álbum se completa com uma versão alternativa de "Round Midnight" (de Monk), cuja primeira gravação pelo quinteto de Miles despertou a atenção para o sax enfurecido de John Coltrane. Dois outros álbuns do pacote flagram shows de grandes cantores, na Europa. Gravado em Paris, em abril de 1972, "Flip, Flop & Fly" destaca o "bluesman" Joe Turner. Despojados, os arranjos da orquestra ajudam assim a realçar o vozeirão metálico de Turner, um típico "blues shouter" (literalmente, berrador de blues). Em faixas dançantes, como "Corrine, Corrina", "Shake, Rattle and Roll" e "Flip, Flop & Fly", Turner oferece uma aula de como o jazz e o rhythm & blues contribuíram para a gestação do rock & roll. Mais jazzístico ainda é o repertório do álbum "Ella in London", registrado em abril de 1974, no mais conceituado clube de jazz londrino: o Ronnie Scott's. Acompanhada por um quarteto que destacava Joe Pass e Tommy Flanagan, Ella Fitzgerald ainda se mostrava em grande forma, às vésperas de completar 56 anos. O repertório inclui "standards" gravados outras vezes por Ella, como "Sweet Georgia Brown" e "It Don't Mean a Thing". A diferença está em poder ouvi-la cantando de modo bem descontraído. Considerado por alguns como a melhor das incursões de Sarah Vaughan pela música brasileira, o álbum "Copacabana" foi gravado em outubro de 1979, no Rio. Ao evitar o risco de cantar em português, Sarah saiu-se bem nas versões para o inglês de clássicos da bossa nova, como "Dindi" e "Bonita" (de Tom Jobim). Os arranjos de Edson Frederico exploram a poderosa voz de Sarah, acompanhando-a pela guitarra de Hélio Delmiro. Outro encontro de gigantes. Títulos: Miles Davis and The Modern Jazz Giants; Flip, Flop & Fly (de Joe Turner); Ella in London; Copacabana (de Sarah Vaughan) Lançamentos: BMG Ariola Quanto: R$ 20 (em média, cada CD) Texto Anterior: Livros que criam amor Próximo Texto: Ópera terá curso gratuito Índice |
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