São Paulo, sexta-feira, 22 de março de 1996
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Dívida cresce e obriga BC e Banespa a refazer acordo

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O acordo do Banespa, que envolveu discussões durante todo o ano passado entre São Paulo e o governo federal, terá de ser negociado mais uma vez.
Motivo: a dívida do governo paulista junto ao banco subiu de R$ 15 bilhões -valor de janeiro, quando foi fechado o acordo- para R$ 17 bilhões, pelos dados divulgados ontem pelo governador Mário Covas (PSDB), em depoimento à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
O problema é que as condições do acordo foram acertadas tendo em vista os valores de janeiro.
Pelo acerto, R$ 7,5 bilhões da dívida seriam renegociados com ajuda federal e a outra metade seria paga por São Paulo com a venda da Fepasa e de três aeroportos.
Emissão
A primeira parte não é difícil resolver: o Tesouro emitirá R$ 8,5 bilhões em títulos para renegociar metade da dívida paulista. Quanto à outra metade, a Fepasa e os aeroportos não poderão subir de preço.
"Vamos ter que sentar de novo com o governo federal para discutir essa outra parte", disse ontem o secretário-adjunto da Fazenda de São Paulo, Fernando Dall'Acqua, que assessorou o depoimento de Covas.
Covas, argumentando que a dívida paulista junto ao banco sobe R$ 500 milhões por mês, pediu pressa aos senadores. "Eu queria, por gentileza, que o Senado me dissesse logo 'sim' ou 'não'", disse.
"Se a resposta for 'não', eu vou cuidar de outra coisa e tenho certeza que o Banco Central encontrará uma solução", completou Covas.
O governador disse que o acordo será pesado para o Estado. O governo paulista, com a renegociação de metade de sua dívida, passará a pagar prestações mensais de R$ 63 milhões ao Tesouro Nacional, chegando a R$ 75 milhões até o ano 2026.
Condições originais
Se fosse pagar a dívida ao Banespa pelas condições originais, o Estado começaria pagando R$ 158 milhões mensais, e a prestação passaria de R$ 1 bilhão até ano 2004, data em que o contrato venceria.
Ainda segundo os números de Covas, a receita mensal do governo paulista é de R$ 1,4 bilhão, dos quais R$ 900 milhões são gastos com pessoal e R$ 150 milhões vão para o pagamento de outras dívidas.

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