São Paulo, sábado, 23 de março de 1996
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Para presidente, o "preço é a democracia"

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse que não fez barganhas com parlamentares para aprovar a reforma da Previdência e para arquivar a CPI dos Bancos.
"Todas as alegações quanto a possíveis barganhas políticas são infundadas", disse FHC, por meio de sua assessoria de imprensa, ontem à tarde.
O presidente afirmou que acompanhar possíveis nomeações no "Diário Oficial" da União -ação anunciada pelo PT- "deveria ser uma prática".
Antes, pela manhã, quando questionado se o preço pago pela barganha (cargos e investimentos) tinha valido a pena, FHC respondeu: "Preço? Que preço? O preço é a democracia".
A afirmação do presidente se deu no fim da cerimônia em comemoração ao Dia Internacional da Água, no Palácio do Planalto.
Logo no início da cerimônia, Fernando Henrique aproveitou uma deixa do ministro Gustavo Krause (Meio Ambiente) para demonstrar o seu estado de espírito, após as vitórias do governo anteontem no Congresso.
Alma lavada
"Esta manhã, fui saudado pelo ministro Krause de uma maneira inabitual. Ele me disse: 'Presidente, hoje amanheci com a alma lavada'. Certamente o ministro queria me fazer recordar que hoje (ontem) é o dia mundial das águas. (risos). É, acho que ele se referia a isso...", disse FHC.
Na última frase de seu discurso, FHC voltou a tocar no assunto. "Não só amanhecemos de alma lavada, mas continuaremos o dia lavando a alma", afirmou.
Durante a cerimônia, o secretário de Meio Ambiente de São Paulo, Fábio Feldman, disse que alguns temas ligados à sua pasta precisariam ser melhor especificados na Constituição. Fernando Henrique reagiu.
"Hoje a Constituição virou no Brasil alguma coisa que é 'mata-borrão' -alguém quer colocar nela tudo que é reivindicação. E isso não é Constituição", afirmou o presidente.
Em seguida, FHC disse que a revisão da Constituição é necessária para se obter "maior flexibilidade na ação administrativa para rever as amarras". Depois, fez a defesa das reformas propostas pelo seu governo.
"Com o apoio do Congresso, até hoje, o que estamos fazendo é tentando convencer o país e a sociedade de que temos que quebrar as amarras com um passado estreito -que já morreu e que ainda está poluindo o presente", afirmou FHC.

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