São Paulo, sábado, 23 de março de 1996
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Maluf e FHC negociam candidato único em SP

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O lançamento de um candidato comum à Prefeitura de São Paulo -com o apoio do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e do prefeito Paulo Maluf (PPB)- já está sendo negociado entre os dois.
O assunto foi discutido na conversa de uma hora e meia que FHC e Maluf mantiveram na quarta-feira, no Palácio do Planalto, informou o prefeito.
Maluf adianta até o perfil ideal desse produto comum: Paulo Renato Souza, ministro da Educação. "Seria o ideal", avalia.
O nome do candidato não foi fechado no encontro de quarta -ainda uma conversa preliminar.
Mas Maluf pretende concluir as negociações em um mês. Esse é o prazo que fixou para indicar seu candidato à sucessão na prefeitura.
Fim de abril também foi fixado pelo PSDB para a escolha de seu candidato em São Paulo.
Chegou a hora
A Prefeitura paulistana é considerada "ponto central" do projeto de poder tucano de longo prazo.
"Está chegando a hora", calcula o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP). A data fatal para a escolha é 2 de junho -último dia para os ministros que desejem disputar as eleições de outubro deixarem os cargos na Esplanada.
A candidatura do ministro Sérgio Motta (das Comunicações) refluiu depois de algumas semanas de entusiasmo dos tucanos. José Serra (ministro do Planejamento) continua recusando a possibilidade.
Paulo Renato nega que deseje entrar na disputa. Ele nunca passou pelo teste das urnas, mas teve sua popularidade aferida numa pesquisa que chegou ao conhecimento do ministério em março.
Por meio de sua assessoria, Paulo Renato disse que não pretende deixar o ministério -nem para ocupar a chefia da Casa Civil (alternativa também defendida por Maluf), nem para se candidatar a prefeito.
O ministro alega que seu título eleitoral é da cidade de Campinas (99 km a noroeste de São Paulo).
O desempenho à frente do ministério animou FHC a apontá-lo como eventual candidato à sucessão presidencial. Paulo Renato prefere sonhar com o governo do Rio Grande do Sul (seu Estado natal).
Maluf 98
Entusiasmado com o lançamento de um candidato comum, depois de ver fracassados os planos de tentar a reeleição à prefeitura, Maluf descarta a chance de uma aliança para 1998 com FHC.
Motivo: o próprio Maluf não esconde que é candidato ao Planalto daqui a dois anos.
"Estou com 64 anos e não pretendo ficar esperando como o Ulysses (Guimarães, derrotado na eleição de 1989)", explicou o prefeito. Depois de tentar duas vezes a Presidência, Maluf entende que chegou sua hora.
A estratégia malufista inclui uma ofensiva para barrar no Congresso a aprovação da emenda constitucional que abriria caminho à reeleição de FHC. "A reeleição está morta", aposta, depois de ameaçar de expulsão do partido quem contrariar seus planos.
Na condição de presidente de honra do PPB, Maluf pretende manter o apoio ao Plano Real.
"O Lula perdeu a eleição porque se opôs ao plano", avalia. Depois de dois dias em Brasília, Maluf viajou rasgando elogios a FHC. "É um homem inatacável", disse.
A possibilidade existe desde maio de 1995 em troca de Maluf não aumentar o preço das passagens de ônibus -coisa que aumentaria a inflação do Real.
O ministério para o PPB virá "lá para junho", prevê o prefeito.

LEIA MAIS sobre a dívida da Prefeitura de São Paulo à pág. 3-4

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