São Paulo, sábado, 23 de março de 1996 |
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Juro cai no mercado futuro; Bolsa sobe
JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
Há um fato fundamental. O governo está com a língua de fora. O juro cavalar alimenta o déficit (receitas menores que despesas) das contas públicas, o calcanhar do Plano Real. Além disso, qual seria o motivo para mantê-los tão elevados? A inflação, que surpreende até os técnicos da Fipe, está controlada. E o centro de preocupação deixou de ser o comportamento dos preços para se voltar ao comportamento do nível de emprego. Mas há ainda, para o mercado, outro fato fundamental. Os bancos que mantiveram suas fichas apostando na queda dos juros têm ganho dinheiro. Ontem, mesmo atuando no over, o BC (Banco Central) continuou com sua política de incentivar os bancos a emprestar recursos para outros bancos. O BC vendeu títulos até o dia 27 pela taxa de 3,10% -o "piso" da banda. Mas fez um corte de 35% nas propostas. Ou seja, fez sobrar dinheiro no caixa dos bancos. A idéia parece ser a de, com dinheiro saindo pelo ladrão, tirar do colo de algumas poucas instituições a tarefa de emprestar. No câmbio, e apesar do fluxo positivo (entradas menos saídas), as cotações subiram ligeiramente. É que, faltando poucos dias para o término do mês, algumas instituições já estão apostando em uma mudança na minibanda. Março deve fechar com um ingresso líquido (entradas e saídas) bem mais modesto que fevereiro. É um mês de remessa de lucros e dividendos (os balanços já estão sendo publicados). Até o dia 21, as saídas financeiras somaram USŸ 3,098 bilhões. A Bolsa paulista, com uma puxada no final, acabou fechando com valorização de 1,43%. Apesar de as ações ordinárias (que dão direito a voto) do Banco do Brasil terem subido 6,5% no pregão do dia 18, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) não detectou qualquer movimento estranho no mercado. Para ela, o mercado já trabalhava com expectativa de mudança na assembléia de acionistas. Texto Anterior: GM gastará US$ 12 mi em acordo Índice |
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