São Paulo, segunda-feira, 25 de março de 1996
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Vestibulandos maltratam a língua

DA REPORTAGEM LOCAL

Tente descobrir o que quer dizer "xexo", "açerio" e "pólidos". Traduzindo para o português: sexo, a sério e polidos.
Essas palavras apareceram em redações do vestibular 96 da Universidade São Judas Tadeu.
O tema da prova do ano passado foi "O Comportamento dos Jovens no Mundo Atual."
As "pérolas" não se restringem a erros de ortografia. Há frases que chegam a ser cômicas, principalmente pelo fato de os autores as terem escrito a sério.
Exemplos: "Os jovens em partes estão divididos..." ou "Estamos no final do século 20, quase no século 21, e os nossos jovens fisicamente são os mesmos: continuam nascendo, crescendo e morrendo."
Brincadeira
"Muita gente pensa que eu invento os erros, outros dizem que os jovens estão fazendo uma sátira, mas a gente percebe pelo contexto que é sério", diz José Roberto Mathias, 32, professor de português o Colégio e da Universidade São Judas Tadeu e membro da banca de correção.
A nota média dos candidatos na prova de redação de 96 foi 3,53, 108 dos 15.057 candidatos tiraram nota zero e apenas sete conseguiram nota dez.
Segundo Mathias, a grande maioria dos candidatos consegue notas entre 2,0 e 5,5.
"Notas acima desse patamar vão para textos limpos, não-redundantes e ligados ao tema, que são exceções."
O professor culpa a falta de incentivo à leitura por parte da família e da escola pela má qualidade dos textos.
"A solução seria incentivar a leitura e a criação de textos. Mostrar para o aluno que as regras da língua devem ser aplicadas."
Para Mathias, muitos alunos não fazem distinção entre linguagem falada e escrita.
"É comum você dizer que 'o jovem precisa ter uma cabeça', mas se você escreve isso, fica uma frase incompleta".

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