São Paulo, segunda-feira, 25 de março de 1996
Texto Anterior | Índice

Erro e omissão; Revolta; Sorriso indiferente; Previdência dos congressistas; Excesso de elogios; Tarja branca; Pequenos agricultores; Servidão

Erro e omissão
"O editorial da Folha de 6/3 intitulado 'Ensino com eficiência' contém um erro e uma omissão que não só desinformam o seu público leitor como desacreditam este conceituado jornal, ao mesmo tempo que tentam passar uma imagem positiva do governo FHC.
Errou ao declarar que o Plano Decenal de Educação foi anunciado em 4/3, quando de fato esse plano data de 14/5/93.
A omissão é que o projeto de lei que prevê a centralização de recursos pela União e sua redistribuição a Estados e municípios de fato esconde a decisão do governo federal de não colocar os recursos que a Constituição Federal obriga para financiar programas de educação de jovens e adultos e de erradicação do analfabetismo."
Mário Medeiros, coordenador-geral do Simpere -Sindicato dos Profissionais de Ensino da Rede Oficial do Recife (Recife, PE)

Nota da Redação - Embora criado no governo Itamar, o Plano Decenal de Educação para Todos teve alguns de seus compromissos renovados em 4/3 último, aos quais foram acrescentados outros para os próximos dez anos. Quanto à suposta tentativa de "passar uma imagem positiva do governo FHC", uma leitura mais atenta do texto não a confirma.

Revolta
"É revoltante quando as vozes dos canalhas dizem 'vamos fazer a reforma da previdência possível'.
A reforma possível, para eles, é aquela que irá atingir a maioria da população e a impossível é a que tocaria nos parlamentares, juízes e militares, que não podem perder seus privilégios escabrosos custeados pela sociedade.
É revoltante também quando as vozes dos canalhas dizem 'não devemos fazer a CPI dos Bancos, é política e vai desestabilizar o Real'.
Povo brasileiro, acorde."
Leonardo Ribeiro (Piracicaba, SP)

Sorriso indiferente
"Arquiva-se o caso da pasta cor-de-rosa; ri-se amarelo frente ao caso Nacional; alimenta-se a prática nefasta de só ser solidário (leia-se $) a comunidades que o mereçam (leia-se aliado); justifica-se descaradamente um projeto Sivam marcado desde cedo pelo tom escuso e pouco inteligente de sua concepção e constituição.
E o que vemos -quando ele está no Brasil- é um FHC sorridente, indiferente a manifestações (mas não ao Carreras!) em Manaus ou Belo Horizonte, pronto a relembrar as conquistas de seu Real e a chegada de um Brasil melhor e nhenhenhém...
FHC faz desconfiar os que nele acreditaram em 94 e faz rir os que sempre desconfiaram daquela buchada de bode... À fleuma que sustenta o sorriso indiferente a tantos escândalos, uma banana. O rei está nu faz tempo."
Yeso Osawa Ribeiro (São Paulo, SP)

Previdência dos congressistas
"É incrível como a Folha teima em rebater os argumentos dos deputados que assinaram o requerimento de Destaque para Votação em Separado (DVS) do artigo 15 constante do relatório do deputado Euler Ribeiro sobre a reforma da Previdência e que, após a publicação de seus nomes pelo jornal procuram se justificar perante os seus eleitores.
Em artigo do deputado Antônio Kandir publicado em 23/2 fica bastante clara não só a sua posição, mas a de todos aqueles que se insurgiram contra o teor da matéria em referência, principalmente se levarmos em conta a declaração do líder do partido do governo na Câmara, José Aníbal, nessa mesma edição à pág. 1-4, que diz 'que existe convergência amplamente majoritária' em favor da extinção do IPC (Instituto de Previdência dos Congressistas), salientando ainda que 'a primeira coisa a ser feita será retirar esse ponto do relatório, por meio de um DVS'."
Jacques P. Machado (Cuiabá, MT)

Nota da Redação - O destaque à emenda da Previdência apresentado pelo deputado Nilson Gibson era claramente uma manifestação de apoio às aposentadorias privilegiadas. O argumento de que seria mais fácil extinguir o IPC endossando o destaque surgiu após a reação provocada pela divulgação dos nomes dos deputados que subscreveram o pedido. Apesar disso, não há como verificar a intenção que levou cada deputado a assinar o pedido de destaque.

Excesso de elogios
"Noto que amiúde o sr. Marcelo Leite elogia a Folha de um modo que me parece inadequado para um ombudsman. A Folha já dispõe de muitos fãs e dela própria que vive se elogiando. Não há necessidade de o ombudsman entrar nessa seara."
Carlos Eduardo Marcello (São Paulo, SP)
*
"Prezado Marcelo Leite: neste momento em que a Folha apresenta uma nova apresentação gráfica, como leitor há mais de dez anos da Folha espero uma atuação cada vez mais crítica do ombudsman. Isso porque começo a recear que a direção do jornal, preocupada com uma bela apresentação gráfica, derrape no que a Folha tem de mais importante e original: o rabo preso com o leitor. Não gostaria que a Folha se transformasse numa revista 'Manchete' ou numa 'Contigo'."
Valdineir Ciro de Souza (Campo Grande, MS)

Tarja branca
"Lembro-me que a 'ordem e progresso' da bandeira passa cada vez mais despercebido. Todo o significado das palavras da tarja branca da bandeira passa despercebido no meio de todas as causas e efeitos dos dramas nacionais.
Sou lembrado agora por Carlos Fuentes que, no México, também esteve (e está) presente toda a carga da verbalização minimalista do positivismo.
Entre outras extirpações, seria uma que mereceria discussão. Nem que fosse somente para que uma grande maioria ficasse consciente do excessivo tremular diário no céu azul-anil."
Olavo Cabral Ramos Filho (Rio de Janeiro, RJ)

Pequenos agricultores
"Como se não bastassem as grandes dificuldades por que passam os agricultores, principalmente os pequenos, ainda temos mais a injustiça praticada pela Secretaria da Receita Federal com a cobrança de Impostos das Propriedades Rurais .
A cobrança imposta na Contribuição Sindical é uma brincadeira. O governo nunca poderia permitir que essa quantia absurda fosse obrigatória, visto que raros são os proprietários rurais que se beneficiam dessas vantagens e os que têm condições de dispor dessa quantia."
Luiz Carlos Figueira (Paraguaçu Paulista, SP)

Servidão
"Do século 9 até o fim da Idade Média, período em que a terra era apenas cedida pelos 'nobres senhores', aliados ao rei, o povo, no geral, viveu em regime de servidão.
Em nosso tempo, aqui no Brasil, os 'nobres membros dos poderes constituídos' e os administradores públicos cinicamente tomam o lugar daqueles 'nobres'. A influência brutal do feudalismo, que escravizava o homem à terra, ainda perdurou até o ano de 1789, na França, com a Grande Revolução, que lhe deu o golpe final.
Parece-me que o homem no seu estado natural deve ter sido mais feliz e livre do que quando entrou no estado social e criou as leis que os poderosos, os 'nobres', não cumprem.
Será que ninguém tem receio de que neste 'feudo' possa acontecer um 14 de julho?
A hipocrisia, a mentira e a covardia dos 'nobres' podem provocar, com a saturação, uma reação dos 'colonos' que produzem e pagam as contas!..."
Alberto de Sousa Bauk (São Paulo, SP)

Texto Anterior: Assembléia Legislativa prestando serviços
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.