São Paulo, segunda-feira, 25 de março de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Grupos misturam sobremesa e paciência

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Para asiáticos, europeus, latinos e norte-americanos, visitar São Paulo é uma verdadeira maratona que exige paciência -para vencer o trânsito e as distâncias- e preparo físico -na hora de provar a culinária típica e de saborear a estimulante caipirinha-.
Os visitantes não têm, em geral, mais do que dois dias para a façanha, pois são homens de negócios ou, então, estão em férias e já dividiram a viagem entre Rio de Janeiro, Pantanal e Manaus.
Para conquistar esses clientes em pouco tempo, os hotéis procuram o esmero nos serviços. O Caesar Park, muito procurado pelos japoneses, mantém um staff, inclusive com médicos, que domina o idioma japonês.
E não poderia ser diferente já que, depois de um nababesco almoço numa churrascaria, algum estômago mais sensível sempre acabará precisando de socorro.
Eli Shimasaki, "guest relations" do hotel, salienta que os japoneses são muito bem informados sobre o Brasil. "Eles dão um baile em muitos de nós", assegura.
Os grupos vêm ao Brasil a negócios ou por ocasião do aniversário de alguma colônia aqui representada, podendo ocupar de 12 até 50 apartamentos.
"Isso aconteceu recentemente, com a comemoração dos 100 anos do Tratado da Amizade", lembra.
Churrascaria
Além da churrascaria, do roteiro não podem ficar de fora as compras na Liberdade e a visita ao túmulo de Ayrton Senna. "Já recebemos grupos de fãs que vieram especialmente para isso", conta Eli.
Já os alemães são facilmente cativados pela eficiência. "Os membros desse grupos chegam e pedem mudanças de quartos. Depois de muito trabalho, o resultado é satisfatório para eles e o hotel conquista clientes cativos", assinala.
Para os norte-americanos, praticidade e segurança é tudo, segundo Édna Passos, executiva de contas sênior do Mofarrej Sheraton.
"Esse hóspede é bastante independente, tem mais de 30 anos e ocupa cargos de direção nas empresas", comenta.
Segundo Édna, os raros momentos de lazer desse hóspede estão divididos entre o bar e, claro, o centro de ginástica.
"Ali ele dispõe de aparelhos para condicionamento físico, sauna, massagista e um vídeo para instrução de exercícios", observa.
Italianos
O grupo de empresários que acaba de chegar, pontualmente às 13 horas, ao restaurante do Terraço Itália, no 42º andar daquele edifício, vem com a indicação de que ali há um variado bufê de frios no almoço, acompanhado de boa massa e carnes.
Se você pensou que se trata de italianos, pelo local, ou britânicos, pela diligência no horário, errou.
São executivos japoneses que, segundo o maitre Osmar da Silva, nunca reclamam do tempero, mas protestam quando as bebidas tardam a chegar.
"E quando chega a hora da partida, levantam-se e vão, com ou sem a sobremesa, mas sem reclamar."
Silva conta que eles adoram cerveja e caipirinha e gostam de provar o guaraná.
"Os japoneses vêm ao Terraço Itália porque ele fica no topo de um edifício, oferecendo ótima visão panorâmica", diz, do alto de seus 21 anos de experiência convivendo com variada clientela.
"Tem dias que temos grupos de seis nacionalidades", comenta.
Os japoneses, segundo ele, dificilmente pedem o sushi e o sashimi servidos às terças e quintas-feiras. Alguns preferem misturar, no mesmo prato, os frios, a carne e a sobremesa.
Ele conta que "cada povo tem a sua mania". Os franceses, alemãs, suíços, ingleses e italianos (estes, amigos das massas e dos temperos fortes) querem provar a caipirinha e o vinho nacional. E, por incrível que pareça, saem satisfeitos, conforme atesta o maitre.
Já os norte-americanos não dispensam a batata frita como acompanhamento dos pratos.
Os latinos são os mais descontraídos. Nas visitas a São Paulo, incrementadas pelo Mercosul, dão uma esticada no bar do Terraço Itália. "Eles fazem isso aos domingos e durante a semana, para rever os amigos", diz Osmar.

Terraço Itália, tel. (011) 257-6566.
Bufê de frios: de 2ª a 4ª, R$ 24; de 5ª a dom., R$ 28, sem bebida. À la carte: R$ 60 em média por pessoa, incluindo a bebida.

Texto Anterior: Shoppings tomam lugar de esculturas
Próximo Texto: Clichês arquitetônicos são alvo preferido
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.