São Paulo, terça-feira, 26 de março de 1996 |
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Acerto de contas
NELSON DE SÁ
O refrão corria, depois de descrever violência, miséria e preconceito, "fim-de-semana no parque Santo Antônio... Santo Antônio..." O parque é o mesmo que o Aqui Agora ontem descrevia como "uma das regiões mais violentas do mundo". Segundo a Bandeirantes, depois da chacina de seis no fim-de-semana no parque Santo Antônio, "a violência assusta a capital". Assusta há tempos, mas agora assusta aos brancos, diria Mano Brown. A reação veio, "finalmente", como afirmou a Bandeirantes, ontem. E a reação, claro, é mais polícia. O secretário José Afonso da Silva: - Vamos lançar ali um programa específico, com aumento de policiamento e de viaturas para aquela zona. Vão "lançar ali", "aquela zona", no parque Santo Antônio, armas, tiros, viaturas, policiais. Como se o secretário não soubesse de onde, de quem vêm as chacinas; de quem, aliás, Mano Brown já falava, três anos atrás. É como em Belo Horizonte, onde a polícia aponta para todos os lados, atrás de bodes expiatórios, sem aceitar que a chacina dos meninos tenha saído dela mesma. Segundo a Cultura, na chacina de Diadema, "a polícia acredita que tenha sido acerto de contas entre traficantes". E na chacina do parque Santo Antônio -o que mais- "a polícia suspeita de um acerto de contas". Qualquer dia, acertam a conta com a polícia. Impunidade Ronald Biggs faz escola. Segundo a CNN, um venezuelano que cometeu crime ecológico e estava foragido surgiu no Brasil, pedindo asilo. O âncora não escondeu o sorriso, ao citar o Brasil. e-mail: nelsonsa@folha.com.br Texto Anterior: Índios usam Internet para atacar decreto Próximo Texto: Expulsão de terra pode causar suicídio Índice |
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