São Paulo, sexta-feira, 29 de março de 1996
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Grupo resiste no mar a vento e fome

DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Os sete pescadores que ficaram três dias à deriva no mar após o naufrágio do barco Verde Vale II comeram peixe cru para sobreviver, enfrentaram ventos de cerca de 100 km por hora e ondas de 5 m de altura no bote salva-vidas, que virou três vezes.
Os pescadores chegaram às 8h30 de ontem a Rio Grande (RS), a bordo da corveta Bahiana, da Marinha, que os resgatou às 14h25 de anteontem. O naufrágio ocorreu domingo, às 15h. Eles atribuíram o resgate a um "milagre de Deus".
O comandante do barco, Jairo Louzada, 35, disse que a embarcação afundou porque foi abalroada por um navio mercante do Rio de Janeiro. Segundo ele, chovia e a visibilidade era muito ruim no momento do choque.
Louzada disse que conseguiu manobrar o barco, evitando que o navio "pegasse no meio do barco e matasse todo mundo". Ele não conseguiu identificar o nome do navio, que estaria com o radar desligado, conforme o comandante.
Depois do choque, o barco levou 30 m para afundar. Os pescadores passaram para o bote, que não tinha cobertura.
Eles ficaram expostos ao sol e à chuva. A ração e a água potável estavam no fim quando o grupo foi encontrado por um avião da Força Aérea Brasileira, a cerca de 250 km da costa gaúcha e a 80 km das águas marítimas do Uruguai.
Um dos pescadores, Nélson Camargo Maciel, 35, não sabe nadar. Ele conseguiu ficar agarrado ao bote nas três vezes em que a embarcação virou. "Fiz todo o esforço para continuar vivendo. Nem pensava que não sabia nadar."
Nas 70 horas em que ficaram à deriva, os pescadores disseram que só viram "céu e mar" e não avistaram ninguém. Para amenizar o frio, à noite, ficavam abraçados.
Eles foram recebidos por parentes em Rio Grande (313 km de Porto Alegre). Amigos soltaram foguetes e lançaram flores ao mar.

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