São Paulo, sexta-feira, 29 de março de 1996
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Eliane Elias prepara conquista do Brasil

Pianista vai tocar no Heineken no próximo dia 11

MARISA ADÁN GIL
DA REPORTAGEM LOCAL

A instrumentista brasileira mais bem-sucedida no exterior atualmente abre o Heineken Concerts no Palace no dia 11 de abril.
Eliane Elias, 35, não é só a brasileira branca e loira que se deu bem tocando música de negros americanos. É também a primeira mulher na história do Grammy a ser indicada ao prêmio de solista instrumental de jazz -pelo disco "Solos and Duets", que gravou com o pianista Herbie Hancock.
"Concorrer como solista no país do jazz foi uma honra", diz Eliane, falando à Folha por telefone de um estúdio na Dinamarca.
A pianista diz que não ficou decepcionada ao perder o prêmio para o saxofonista Michael Brecker. "Não esperava ganhar. É uma votação conservadora, só ganham os nomes já conhecidos".
A premiação de "Antonio Carlos Brasileiro", de Tom Jobim, já era esperada. "Fico triste por ele não ter recebido o prêmio em vida".
Improviso
O programa dos shows brasileiros não está definido. "Também não ia adiantar, porque eu sempre mudo o roteiro na hora", diz.
Deve prevalecer, porém, a mistura de "straight ahead jazz" e música brasileira característica de suas apresentações.
Estão previstos standards norte-americanos como "Autumn Leaves", "The Mascarade is Over" e "All the Things You Are" e clássicos da MPB como "Asa Branca" e "Chega de Saudade".
A familiaridade vai permitir diferentes combinações. "Com Manolo, vou fazer alguns duetos, coisas mais brasileiras. Vai ser um show muito diferente do que mostrei em 1995", diz.
Passo a passo
Apesar dos 12 discos lançados nos EUA e da indicação ao Grammy, a pianista paulistana ainda é pouco conhecida no Brasil.
"Há alguns anos, eu sentia ressentimento por isso", conta. "Mas percebi que era só ignorância. Depois que o meu trabalho repercutiu aqui, começaram a aparecer os convites."
Desde que se mudou para os EUA, em 1981, Eliane se apresentou no Brasil em apenas três ocasiões. "É pouquíssimo, comparado com o que eu faço no resto do mundo". Eliane faz pelo menos cinco shows por ano na Europa.
Nos EUA, sua agenda está lotada. "Quando cheguei em Nova York, com 21 anos, toda bonitinha, ninguém levava a sério", conta. Depois de participar de uma jam session com músicos locais, foi contratada pela empresária do grupo Steps Ahead. "A notícia correu Nova York". Passou a gravar pelo selo Blue Note.
Em junho, Eliane toca no Rio e em São Paulo acompanhada pelo pianista Herbie Hancock, um dos nomes mais respeitados do jazz contemporâneo. Depois, segue para Argentina e Uruguai.
No mês seguinte, faz uma participação no Festival de Campos de Jordão. "O que eu quero mesmo é tocar muito no Brasil."

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