São Paulo, sexta-feira, 29 de março de 1996 |
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O cego Pacino vê longe
INÁCIO ARAUJO
O filme de Dino Risi, feito nos anos 70, tinha por centro a amargura de um militar (Vittorio Gassman) cuja cegueira conflitava com sua paixão pelas mulheres. Gassman brilhou naquele filme, assim como Al Pacino que ganhou o Oscar pela versão de 1992, de Martin Brest. A diferença é que a refilmagem é um primor da arte hollywoodiana. Primeiro, toda a ênfase é dada ao ator. Segundo, a enorme amargura da personagem é colocada em surdina, seja pela própria presença de Pacino -maior que a dor do personagem-, seja pela oportunidade de remissão que lhe é dada. Esse último elemento, habilmente introduzido no roteiro, absorve o sarcasmo anterior e reabilita o personagem, fazendo dele um herói. Percebemos ao longo do filme -e isso não é um defeito- que Pacino vê. Sua cegueira é relativizada, desde o início, para que melhor possa enxergar as verdades "invisíveis", estar acima das convenções. Enfim, a dor da cegueira é substituída pela presença de um homem que, mesmo sem ver, enxerga longe. Como não achar tudo isso muito agradável? (IA) Texto Anterior: Mãe Dinah escalada pra banheira do Gugu! Próximo Texto: Censura; Amor e ódio; Adolescentes Índice |
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