São Paulo, sábado, 30 de março de 1996
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Mais 20 são internados após hemodiálise

AURELIANO BIANCARELLI

AURELIANO BIANCARELLI; FÁBIO GUIBU
ENVIADO ESPECIAL A CARUARU

Muitos pacientes se recusam a ser transferidos do hospital de Caruaru para Recife; três estão em estado grave

FÁBIO GUIBU
Mais 14 pessoas submetidas a tratamento de hemodiálise no Instituto de Doenças Renais (IDR) de Caruaru foram internadas no hospital Barão de Lucena, em Recife (PE), da noite de anteontem até as 17h de ontem.
Com a chegada desses pacientes, subiu para 51 o número de doentes renais hospitalizados -43 em Recife e oito em Caruaru. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, três estão na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), em estado grave.
Mais seis pacientes foram transferidos de Caruaru para o hospital Barão de Lucena, em Recife, vítimas de intoxicação.
Os doentes que seriam transferidos chegaram ao Instituto de Nefrologia e Urologia (Inuc), por volta das 8h. A primeira ambulância só saiu para Recife ao meio-dia, sob um calor de 30°.
O Inuc é o instituto de hemodiálise que passou a atender os pacientes depois que o IDR foi fechado pela Secretaria da Saúde.
Despedidas
Ontem foi mais um dia de despedidas no Inuc. Os que partiam carregavam pequenas sacolas. Muitos doentes ainda insistem em não se internar em Recife.
Antonio Severino de Lima, 45, que mora em Gravatá, a 50 km de Caruaru, diz que só irá à força.
Lima é cego desde criança, mas sua saúde só piorou dois anos atrás, com os problemas renais. "Prefiro morrer perto das pessoas que eu gosto", disse, entrando na ambulância que o levaria de volta para Gravatá.
A professora aposentada Maria Auxiliadora Bezerra Castor, 44, quatro filhos, do município de Pesqueira, a 80 km de Caruaru, também se recusava a partir.
No final da tarde, a mesma Caravan velha de Pesqueira, que transportava doentes de volta para a cidade, precisou retornar às pressas. Maria passou mal no caminho e foi internada no Inuc. Até o início da noite, os médicos ainda tentavam convencer a paciente a se deixar internar em Recife.
Exames divulgados ontem pelo secretário Jarbas Barbosa descartaram a possibilidade de contaminação por leptospirose (doença infecciosa transmitida por bactéria presente na urina do rato).

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