São Paulo, sábado, 30 de março de 1996
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Denúncias atraíram comissão

DO ENVIADO ESPECIAL E DO FREE-LANCE PARA A FOLHA

Foram as denúncias de corrupção no presídio feitas pelo líder da rebelião, Leonardo Pareja, na semana passada, que fizeram com que se formasse a comissão para investigar o Cepaigo -que acabou refém dos presos.
A cúpula do Judiciário e da Secretaria da Segurança do Estado faziam parte da comissão -inclusive o secretário da Segurança, Antônio Lorenzo Filho, que continuava prisioneiro dos detentos.
Pareja denunciou aluguel de celas e privilégios de alguns presos, trabalhos forçados dentro da penitenciária e compra da liberdade por R$ 5.000.
O juiz Issac Stenka, que é brigado com o diretor do presídio, Nicola Limonge, e havia algum tempo não comparecia ao Cepaigo para realizar inspeções, decidiu realizar a visita depois das denúncias e convidou um grupo de autoridades.
Pareja é apontado como "apadrinhado" do juiz Issac Stenka, da Vara de Execuções Criminais -responsável pelo sistema carcerário. Foi para ele que Pareja se entregou em outubro, depois de conseguir garantias de vida.
Pareja disse, em outubro, que havia fugido do Ceipago em maio por causa de maus-tratos -acusando o diretor do presídio, coronel Nicola Limonge Filho, de persegui-lo.
Desde a rendição, Pareja é interlocutor constante do juiz. Foi depois de um depoimento -após uma simulação de fuga do presídio, segundo Pareja, "armada contra ele"-, que se decidiu formar a comissão.
Antes da rebelião, o juiz chegou a pedir, por duas vezes, o afastamento de Nicola da direção do Cepaigo. O secretário da Segurança recusou.
A admiração do líder da rebelião por Issac foi demonstrada anteontem, durante a rebelião. O juiz foi um dos primeiros a ser liberado -após intervenção de Pareja-, para conduzir as negociações.
Executivo x Judiciário
A rebelião também criou tensão entre os poderes Executivo e Judiciário do Estado.
O desembargador Homero Sabino, presidente do Tribunal de Justiça de Goiás -um dos reféns-, acusou pelo celular o governo do Estado de responsabilidade pela rebelião. Ele diz que há omissão do governo no atendimento aos presos. O governador Maguito Vilela (PMDB) respondeu que o Estado não podia ser responsabilizado pela rebelião. Disse que "iria orar" pela felicidade do desembargador.

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