São Paulo, domingo, 31 de março de 1996
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Muito barulho; Ninho da discórdia; Fogueira das vaidades; Jogo perigoso; Aliado ao tempo; Racha total; Cabo eleitoral; Sabedoria popular; Pequeno detalhe; Mágoas passadas; Larga experiência; Chega de saudade; Entrosamento; Coincidência; Paciência curta; Anos rebeldes

Muito barulho
Ao lançar a reeleição-já, Serjão provocou um sentimento ambíguo entre tucanos. Desagradou o PFL Deixou o PPB desconfiado. E surpreendeu o PMDB.

Ninho da discórdia
A bancada do PSDB na Câmara e os auxiliares mais próximos a FHC, como Serjão e Clóvis Carvalho, são os articuladores da tese de reeleição-já. Essa manobra é mais palaciana do que de outros grandes líderes tucanos.

Fogueira das vaidades
Covas e Serra não se opõem à reeleição de FHC, mas sabem que ela os afasta definitivamente da disputa pelo Planalto em 98. Há uma avaliação de que o presidente tem brilhado mais do que o partido. E isso incomoda.

Jogo perigoso
O PPB desconfia do Planalto. Amin avalia que o PFL perde mais, se a reeleição ficar para 97. Pergunta se a vice não seria uma boa recompensa para a adesão de novos sócios, PPB e parcela do PMDB, à aliança PFL-PSDB.

Aliado ao tempo
O PFL acha que poderá cobrar mais caro por seu apoio à reeleição em 97, já que o PPB de Maluf ficará contra. De quebra, vê a manobra atual como um ataque tucano por espaço junto a FHC.

Racha total
O PMDB assiste, sem participar, a discussão da reeleição-já. O PSDB planeja convidar nomes da parcela governista a entrar no partido após a eleição. Um grupo paulista caça rumo próprio.

Cabo eleitoral
Revelação recente feita a Maluf aproximou ainda mais o prefeito de São Paulo e o presidente. Em 90, no segundo turno da eleição ao governo paulista, FHC votou em Maluf contra Fleury.

Sabedoria popular
Uma eleitora surpreendeu o tucano José Aníbal, em um programa de TV, ao dizer que FHC tinha mesmo o saco preto. "De tanto o Sérgio Motta puxar", emendou. Aníbal ficou mudo.

Pequeno detalhe
Atenção, luas-pretas da política: o ministro da Saúde, Adib Jatene, não está filiado a nenhum partido. Portanto, é inelegível para as eleições de 3 de outubro.

Mágoas passadas
Para Eduardo Suplicy, Chico Malfitani teve "atitude ética" recusando trabalhar para Rossi por ter participado da gestão Erundina. Ele quer que o PT recupere o publicitário para trabalhar na campanha paulistana.

Larga experiência
Eminência parda de vários governos militares e civis, o empresário Jorge Serpa esteve no Palácio do Planalto na semana que passou. Uma mera coincidência: o tucanato voltou à carga com a tese de reeleição-já.

Chega de saudade
Itamar Franco passa a Semana Santa no Brasil. Em Juiz de Fora (MG), marcou encontro com a namorada June Drummond. O casal, numa fase meio estranha, vai colocar o papo em dia.

Entrosamento
FHC precisa apresentar Paulo Paiva (Trabalho) a Reinhold Stephanes (Previdência). O primeiro negociou a flexibilização do contrato de trabalho. O outro apertou a fiscalização nas empresas que aderiram à novidade.

Coincidência
Ao levar FHC a Serra Talhada (PE), para ajudar na candidatura de seu irmão a prefeito, Inocêncio Oliveira (PFL) repetiu o que fez com Collor (que distribuiu cestas básicas). Usou dois presidentes para fazer política local.

Paciência curta
Jorge Bornhausen, presidente do PFL, disse que seu partido espera até 31 de março a definição do candidato tucano à Prefeitura de São Paulo. Depois, buscará nome próprio. O banqueiro Olavo Setúbal é uma opção.

Anos rebeldes
A família de Pedro Pomar, morto no regime militar em um cerco policial em São Paulo, pediu indenização na Comissão Especial de Desaparecidos. Também devem chegar pedidos das famílias de Marighela e Lamarca.

TIROTEIO
Do deputado Paulo Bornhausen (PFL-SC), sobre a declaração do ministro Sérgio Motta (Comunicações) de que FHC tem o saco preto:
- Vou pedir ao Andrade Vieira para proibir o consumo de carne na Esplanada dos Ministérios, principalmente na pasta de Comunicações. Acho que o Sérgio Motta está com a síndrome da "vaca louca".

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