São Paulo, domingo, 31 de março de 1996 |
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Professor quer ajuda da USP contra Aids Reitoria alega falta de recursos FERNANDO ROSSETTI
No dia 22 de janeiro, Beloqui enviou uma carta à reitoria da USP pedindo auxílio para comprar o 3TC, que não está na lista gratuita do Ministério da Saúde. Um mês e uma semana depois, recebeu como resposta uma carta -em envelope aberto- da chefe de gabinete da universidade, Eunice Kwasnicka, que diz: "A USP não dispõe, no momento, de recursos e nem de condições para fornecer medicação de manutenção de enfermidades crônicas". O 3TC foi aprovado em 1995 nos EUA e, associado a outros medicamentos, como o AZT, aumenta a resistência do organismo do portador de HIV. Custa R$ 300 ao mês. O salário de Beloqui, que tem título de doutor, é de R$ 2.200. Salário ruim "Eu trabalho há 15 anos nessa universidade. Fizeram um investimento grande na minha formação. Isso deveria ter algum valor", diz o professor, que é homossexual e há quatro anos toma remédios contra a doença. "O salário já é ruim, e ainda não temos cobertura de saúde nessas horas." Na resposta, de 28 de fevereiro, a reitoria diz ainda que a USP tem dois núcleos que desenvolvem estudos sobre a Aids -Nupaids e Nepaids-, e que se dispõe a "analisar com eles a possibilidade de estruturar futuramente alguma forma de apoio para tais casos". A assessoria de imprensa da USP disse na quinta-feira, 28 de março, que o caso "está sendo encaminhado para os núcleos", e que o reitor, Flávio Fava de Moraes, marcou reunião no próximo dia 10 com Beloqui e uma comissão de professores que o estão auxiliando. O diretor do Nupaids, Eduardo Massad, 43, afirmou que, até a semana passada, não havia recebido comunicação alguma. Indignação Segundo Beloqui, a postura "fria e burocrática" da reitoria diante do caso gerou indignação no Instituto de Matemática e Estatística. Um abaixo-assinado organizado por colegas reuniu 136 assinaturas, entre os cerca de 160 professores. Em 7 de março, o Conselho do Departamento de Matemática enviou ofício ao reitor pedindo "que a universidade providencie a estrutura necessária para todos os estágios de tratamento dos portadores de HIV e o imediato fornecimento do medicamento ao professor". A Adusp (Associação de Docentes da USP) está organizando um ato para 23 de abril, no qual pretende reunir representantes do governo da área de saúde para debater como a USP deveria proceder. Texto Anterior: Núcleo pesquisa entre alunos Índice |
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