São Paulo, domingo, 31 de março de 1996 |
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Bancos piores podem pagar mais ao FGC
MILTON GAMEZ
Mas, um dia, essa moleza deve acabar. Nos Estados Unidos, os bancos piores contribuem mais que os melhores ao fundo federal de garantia de depósitos. O cálculo é feito conforme a nota recebida pelo banco numa instituição independente de classificação de riscos. No Brasil, esse processo é incipiente, mas um dia será fortalecido, acredita Roberto Bornhausen, presidente do conselho de administração do FGC. "No futuro, é natural que o risco de cada banco seja levado em conta. Mas isso ainda vai demorar muito, pois nossa preocupação inicial é fortalecer o fundo e criar uma base de dados para termos uma idéia real do risco de cada instituição." Mulheres Para azar dos bancos mal administrados, essa é uma regra de ouro do mercado segurador. As mulheres, por exemplo, têm descontos no seguro de automóvel, pois está provado que batem menos os carros do que os homens. No FGC, a idéia inicial é revisar as contribuições dos bancos quando o patrimônio do fundo atingir 5% dos depósitos segurados. Seria o equivalente, hoje, a R$ 9 bilhões. Por enquanto, o FGC tem R$ 47,5 milhões em reservas, aplicadas em CDBs do Banco do Brasil. Se houver um sinistro grave, esse dinheiro será reforçado com contribuições adicionais dos bancos. O FGC, ao contrário do que se imagina no mercado, não nasceu contaminado com os rombos do Econômicos e dos bancos liquidados no segundo semestre do ano passado, afirma Bornhausen. Esses "abacaxis" serão descascados com o dinheiro do FGDLI (um seguro do Sistema Financeiro da habitação) e do Recheque (formado pelas multas sobre cheques sem fundos), cerca de R$ 800 milhões. Se sobrar algum dinheiro, aí sim o fundo receberá o excedente -a menos que não consiga reverter decisão em contrário, promulgada na primeira quinzena de março pelo Supremo Tribunal Federal. Bornhausem está tranquilo quanto à possibilidade de novos bancos quebrarem e deixarem clientes à mercê do FGC. "O governo tem hoje muito mais instrumentos para antecipar-se à quebra de um banco, fazendo administração temporária e punindo os administradores dessas instituições", afirma ele. A solução dada ao Nacional -absorvido parcialmente pelo Unibanco, onde Bornhausen trabalha- foi um exemplo de que nem todos os pepinos vão estourar nas burras do FGC. Os clientes do extinto banco carioca receberam, do Unibanco, garantia total sobre R$ 6,5 bilhões em depósitos. Texto Anterior: Faxineira saca com menos dor no coração Próximo Texto: Nos EUA, o teto é de US$ 100 mil Índice |
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