São Paulo, domingo, 31 de março de 1996
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Só 1.500 empresas têm fundos de pensão

DA REPORTAGEM LOCAL

Não são só os bancos que estão de olho nos futuros aposentados. As empresas também. São 1.500, hoje, as que mantêm planos de previdência para os funcionários.
Em 1978, eram só quatro, segundo a Abrapp (Associação Brasileira das Entidades de Previdência Privada), instituição que reúne fundos de pensão das empresas.
Segundo Nelson Rogieri, 51, presidente da Abrapp, "a tendência é de que cada vez mais esses fundos, que são chamados de sistema empresarial de previdência privada, sejam criados em todo o país".
Segundo um estudo da entidade, há 7.000 empresas no Brasil com potencial para implantar o programa. "Os empresários estão reconhecendo a importância de oferecer esse benefício", afirma.
Os planos de previdência das empresas precisam garantir, de acordo com a lei federal nº 6.435, de 1978, uma renda na aposentadoria de no mínimo 30% do salário.
A empresa pode contribuir com um depósito mensal igual ao do funcionário, na chamada relação um para um, ou até mesmo arcar com 100% do custo -no caso, o funcionário não paga nada.
"É um tremendo benefício. A pessoa fica tranquila em relação à velhice, mais feliz na empresa e trabalha melhor", afirma Luís Orestes Marconte, 50, consultor de empresas especializado em previdência.
Segundo ele, a empresa que não passar a oferecer um plano de pensão perderá a concorrência pelos bons funcionários. "A companhia deixará de ser atraente."
Experiências
Para não sair perdendo na guerra pelos melhores profissionais, a HP (Hewllet-Packard) é uma das empresas que estão em vias de criar um plano de previdência interno.
"É um mecanismo de retenção de funcionários, um benefício de longo prazo que atende à principal necessidade dos trabalhadores", define Albert Golbert, 49, diretor de RH (recursos humanos) da HP.
A FGV (Fundação Getúlio Vargas), com 1.000 funcionários em São Paulo, Rio e Brasília, também está investindo no futuro: até junho implanta um fundo de pensão.
O funcionário cujo salário exceder R$ 750 terá 8,5% de desconto mensal, ou mais, se desejar. A FVG entra com a mesma quantia descontada do funcionário.
A meta é que o funcionário receba cerca de 70% de seu salário quando se aposentar, estimando que tenha contribuído por 30 anos.
"O trabalhador labuta a vida toda e é mais do que justo que tenha com o que se sustentar depois dos 60 anos", diz o economista Moacir Fioravante, 54, diretor da divisão da informação da FGV e criador do plano de previdência da entidade.
Cada empresa tem um plano de pensão único, com suas próprias regras e valores de contribuição.
No fundo Aerus, por exemplo, que reúne 16 empresas de aviação, o funcionário decide com quanto vai contribuir e pode mudar seu patamar a cada seis meses.
O plano se encarrega de arcar mensalmente com metade dessa quantia. "Queremos ser o mais flexíveis possível", afirma Álvaro Vaz da Silva, 56, presidente.

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