São Paulo, segunda-feira, 1 de abril de 1996
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Papel de bobo

Papel de bobo
ROGERIO SCHLEGEL
da Reportagem Local
Fizemos

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

Fizemos papel de bobo -e não estou me referindo a ter apostado na vitória de Barrichello. Vá lá, também por isso.
Mas não existe definição melhor para gente que fica rodando feito peru para tentar acompanhar todos os lances da corrida. É assim que acontece no terraço do camarote vip.
Barrichello se aproxima da reta. Todo mundo para cá. Faz o mergulho. Todo mundo para lá. Entrou nos boxes. Todo mundo para cá de novo. Pior que jogo de tênis, que não gasta sola de sapato.
O melhor foram as meia-ultrapassagens de Barrichello. As corridinhas de lá para cá eram pontuadas por um "eh!", no final da reta, e "oh!", quando ele levava o troco.
Primeira fila
A largada é um caso à parte. Assegurar uma lugar na primeira fila do terraço exige persistência e alguma força física. Damon Hill conseguiu a pole com menos esforço.
Às 12h, já estou de umbigo na grade. Em mais dez minutos, todos os lugares na frente estão tomados.
A coisa fica feia quando faltam 15 minutos para a volta de apresentação. "Manhê, não tô vendo nada", choraminga um pequeno Katayama lá atrás, forçando passagem.
Chegam as mocinhas, pedindo licença. Este repórter, embora recém-chegado ao mundo das celebridades, já percebe como funciona.
Por trás de um decote convidativo há, inevitavelmente, um ardiloso plano premeditado. Aceite o convite do decote e dê adeus a lugar.
Durante a corrida, alguns de meus companheiros de talher sofreram a "síndrome de Barrichello". Seus pratos contemplavam generosas porções de sushi, charutinhos de folha de uva e um prato quente e caldolento de peixe.
Tudo junto. Convenhamos, é ir com muita sede ao pote.
Aprendizado
Como repórter-vip, nesses três dias, aprendi algumas coisas sobre ser uma celebridade.
Se todo mundo acha lindo o barulho dos carros, o vip entope os ouvidos com um protetor auricular. Se os mortais comuns adorariam ver a prova de camarote, o vip repete a toda hora que detesta aquilo tudo.
Ano que vem, charme dos charmes, não venho.

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