São Paulo, segunda-feira, 1 de abril de 1996
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Termina um turno luminosamente esverdeado

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

E o Palmeiras se despediu do primeiro turno com mais uma goleada -4 a 0 no XV de Jaú-, completando uma campanha sem igual nas últimas, digamos, quatro décadas.
Não apenas pela invencibilidade, mas, sobretudo, pela maneira como ela foi mantida: em 15 jogos, 14 vitórias, apenas 1 empate (num jogo que a vitória lhe foi subtraída por claro erro do juiz), 61 gols a favor (o que resulta na média de 4,066... por partida) e apenas 8 contra, estabelecendo um saldo espantoso de 53 gols.
E, atenção: tanto na partida contra o América quanto no jogo de sábado, contra o XV, esse Palmeiras reduziu seu ímpeto ofensivo, o que, aliás, começou a ocorrer já no segundo tempo contra o Santos.
Mesmo assim somou, nas três últimas partidas, 14 gols.
Os saudosistas podem lembrar que o torneio de 72 terminou com o campeão Palmeiras e o vice São Paulo invictos.
Mas não há comparação: aquele time vivia sob a Lei de Gérson, literalmente; fechava-se atrás até Gérson acertar um daqueles lançamentos para Terto trombar com o goleiro e Toninho colher a sobra. Um a zero era goleada.
E o Palmeiras de Brandão, apesar do ilustríssimo elenco de que dispunha, preferia não arriscar muito. Tanto que a decisão foi no acanhado Pacaembu, onde Brandão tinha certeza de que levaria o zero a zero até o fim. E foi o que ocorreu, numa das mais pálidas decisões do futebol paulista.
Não, este Palmeiras cumpre mais do que uma campanha inacreditável. Cumpre uma missão: resgatar o fascínio pelo futebol, em sua plenitude.
Ainda no sábado, um novo tricolor. Na verdade, não muito diferente do que aquele modestíssimo time que cumpriu cinzenta performance neste primeiro turno, e que atingiu o fundo do poço com a derrota de 5 a 0 diante do Corinthians.
Muricy testou mais uma vez a formação de três zagueiros, com Sorlei na sobra. Um desastre, posto que em cima dessa formação o Novorizontino criou chances claras de gol.
Mesmo assim, graças ao talento de dois canhotos -Denílson e André- e de um atacante fuçador -França-, o São Paulo venceu por 2 a 0.
O problema não é tanto o esquema, mas os jogadores. Ao lado de Pedro Luís e Bordon, até Sorlei se desestrutura.
Valeu só pela aparente recuperação do menino Denílson.
*
Entre o mistão do Corinthians e um Santos quase completo, optei, claro, pelo jogo da Vila. Resultado: Santos 5 x 1 Botafogo. Foi o renascimento do vice brasileiro? Nem tanto, nem tanto. O placar foi enfático, mas não a exibição do Santos, que continua sofrendo de profunda anemia na defesa, embora o zagueirão Ronaldo tenha sido o herói do time, ao marcar os dois primeiros gols.
No terceiro, Robert tentou cruzar, e a bola desviou num adversário antes de morrer nas redes, mais ou menos o que ocorreu com o quarto, de Clóvis. Apenas no quinto, também de Clóvis, luziu a genialidade de Giovanni, apagadíssimo.
Em contrapartida, os melhores momentos do empate do Corinthians com o União foram extraídos a pinça e lupa.
Fim de um turno luminosamente verde.

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