São Paulo, terça-feira, 2 de abril de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Juízes culpam militares pelas violações de direitos humanos

Seminário discute perseguições e torturas na região

EUNICE NUNES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Na América Latina, são frequentes as violações dos direitos humanos por agentes do Estado, especialmente pelas Forças Armadas, policiais e penitenciárias.
Essa conclusão foi apresentada ontem no 2º Seminário Internacional sobre a Independência Judicial na América Latina.
Representa a síntese das respostas enviadas por juízes de 14 países aos questionários formulados pela Associação Juízes para a Democracia, que organizou o evento.
O Peru destaca-se pela ocorrência de desaparecimentos forçados, tortura, perseguições e execuções extrajudiciais. E também por ter anistiado, com base numa lei de 1995, os agentes dessas violações.
A Colômbia mostra uma situação muito grave. É o país mais violento do mundo: todos os dias morrem mais de dez pessoas por razões políticas ou ideológicas.
Cerca de 30% dessas mortes são atribuídas à guerrilha. O restante é perpetrado por agentes do Estado ou grupos paramilitares.
Equador e Venezuela registram ofensas aos direitos humanos praticadas pelo sistema carcerário e policial, a exemplo do que ocorre no Brasil. Aqui, a Justiça Militar é apontada como um entrave à punição dos responsáveis em casos de violação de direitos humanos.
Todos os países consideram o Judiciário muito tímido na defesa dos direitos humanos. Referem-se à falta de consciência dos juízes a respeito do papel do Judiciário como garantidor desses direitos.
A Espanha, que também apresentou relatório no seminário, não registra a ocorrência sistemática de ofensas aos direitos humanos por parte de orgãos estatais.

Texto Anterior: Presidente acha "inadequado" ministro falar em "saco preto"
Próximo Texto: Os donos que passam
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.