São Paulo, terça-feira, 2 de abril de 1996 |
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Dori Caymmi toca sua nostalgia da MPB
SYLVIA COLOMBO
Dori Caymmi estará voltando dos EUA em abril, para apresentações no Rio de Janeiro (dia 11) e em São Paulo (dia 13) dentro do festival Heineken Concerts. Em entrevista à Folha, por telefone, o violonista, cantor e compositor falou sobre a saudade do Brasil e de sua música. "Não gosto da mania dos americanos de colocar rótulos em tudo. Eu gosto de música. Só não fiz rock até agora porque não pintou." Os shows vão reunir o repertório de Dori e também terão uma seção -mais jazzística- em que os músicos devem solar individualmente. Entre os convidados estarão Gal Costa e o pai do músico. Dorival Caymmi vai cantar sozinho, apenas com o acompanhamento do violão. Dori jura que não vai interferir, a não ser que o pai peça. "Já é muito ele estar no meu show. Com 82 anos eu não subiria no palco com filho nenhum." Sobre sua parte, Dori adianta que será uma mistura do repertório de seus 7 discos. O músico toca com o pianista Cristóvão Bastos, o baixista mexicano Abraham Laboriel, o baterista Claudio Slon, o guitarrista Ricardo Silveira e o saxofonista e flautista Teco Cardoso. Exílio Apesar de morar nos EUA, Dori permanece de olhos, e ouvidos ligados no Brasil. Critica a mídia norte-americana por classificar mal os estilos e não entender a música brasileira. "Deram uma premiação errada ao Tom Jobim e eu vou fazer de tudo para que eles reconheçam o erro, nem que seja a tapa." Dori refere-se ao Grammy póstumo que Tom Jobim (1927-1994) recebeu por seu disco "Antônio Brasileiro", considerado pelo concurso como "melhor obra de Jazz Latino". "Eles fazem confusão com tudo, para eles Kenny G e Sade também são músicos de jazz!" Apesar da revolta, viver nos EUA foi um impulso em sua carreira. Lá ele gravou quatro discos e fez arranjos para diversos músicos norte-americanos. Nostalgia é o referencial básico da carreira de Dori. Um pouco mineiro, por parte de mãe; e um pouco baiano, por causa do pai, o carioca faz do caldeirão cultural em que viveu a sua fonte de inspiração. "Se fosse transportar minha música para o presente do Brasil, ela se diluiria." Seu próximo trabalho será um disco com composições dos seus contemporâneos. O arranjador vai visitar o repertório de Chico Buarque, Edu Lobo, Caetano Veloso, Francis Hime e outros. Texto Anterior: Globo retoma audiência na programação de domingo Próximo Texto: Uatki traz mineiros e roqueiros dos 80 Índice |
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