São Paulo, quarta-feira, 3 de abril de 1996
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Acusado diz que era perseguido na escola

DA FOLHA VALE

O estudante Antônio Carlos da Costa, 29, disse que vinha sendo perseguido por alunos e professores desde que ingressou na Faenquil, em 91.
Ele disse que havia trancado matrícula no ano passado por problemas de saúde. Costa disse que há dois anos vem sentindo fortes dores de cabeça, tonturas e desmaios.
Ele afirmou que nunca procurou um médico, mas que queria fazer um eletroencefalograma. Ele não teria feito o exame por falta de dinheiro.
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Folha - O que levou você a atirar e matar um professor e ferir uma secretária da faculdade?
Antonio Carlos da Costa - Eu queria reabrir minha matrícula depois de ficar um ano afastado, mas estava tendo dificuldade. No início de março estive na faculdade e esperei por três horas. Fui embora. No mesmo dia, quatro estudantes me peitaram na chegada da escola. Fiquei com medo e comprei um revólver para me defender. Voltei na segunda para tentar a matrícula de novo e eles voltaram a me enrolar. Eu queria assistir às aulas. Acabei perdendo a cabeça e agindo por impulso.
Folha - Você tinha alguma coisa contra as pessoas em quem atirou? Costa - Não tinha nada contra ninguém. Não conhecia o professor, mas fui perseguido por algumas pessoas na faculdade. Talvez por conversar com alguma menina, ou mesmo por ser negro e filho de lavrador.
Folha - Você premeditou o crime?
Costa - Não. Tanto é que fugi pela rodovia em vez de entrar pelo matagal. Ainda não sei se estou arrependido. Talvez mais tarde sinta algum remorso.
Folha - Mesmo não tendo dinheiro para fazer o exame, você comprou uma arma. Por que?
Costa - Comprei com o dinheiro que ganhei carregando pedra para pavimentação de ruas em Inconfidentes. Comprei para me defender de quatro rapazes.

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