São Paulo, quarta-feira, 3 de abril de 1996
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'Lance no Escuro' é nome certo para obra de Penn

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

"Um Lance no Escuro" (Globo, 2h05) evoca um desses momentos de sublime sabedoria dos distribuidores brasileiros. Sem saber o que fazer com o produto que têm em mãos, lhe dão um nome que não diz respeito ao filme, mas ao ato de ir ao cinema.
No caso deste filme, a formulação é acertadíssima. Certos cineastas parecem vivenciar a clareza como uma espécie de humilhação. É o caso de Arthur Penn, que em seus melhores impressiona justamente pela limpidez.
Aqui, temos o caso de um filme de detetive que deriva em busca de si mesmo. Resulta em um filme cindido, que impressiona ainda pelo talento no filmar, mas acaba sendo fácil de esquecer.
É uma questão delicada, sobretudo para um cineasta americano. Quando opta por desprezar o compromisso com o público, sua obra tende a se enfraquecer.
Total: 1) hoje em dia quase ninguém mais lembra quem é Arthur Penn; 2) a pessoalidade de um autor não pode, exceto em casos excepcionais, contrariar a tradição.
Longe desses problemas, George A. Romero, realizador de "Creepshow: Arrepio do Medo" (Bandeirantes, 15h15) vem fazendo uma obra que espanta pela falta de sucesso em salas, no Brasil.
Eles ficam uma semana em cartaz, normalmente, antes de serem chutados. Depois, no vídeo ou em TV, têm carreira mais animadora.
O realizador do antológico "A Noite dos Mortos-Vivos" aqui está em um filme de episódios escrito por Stephen King, em que horror, humor e histórias em quadrinhos se alternam. Pode não ser o ponto máximo de sua carreira, mas Romero sempre se distingue da média do gênero.
(IA)

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