São Paulo, quinta-feira, 4 de abril de 1996
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Subsídios ao Proálcool dividem Malan e FHC

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O fim dos subsídios ao Proálcool está colocando em campos opostos o ministro Pedro Malan (Fazenda) e o presidente Fernando Henrique Cardoso.
FHC quer rever a decisão do ministro de acabar com os subsídios ao Proálcool a partir de 97.
Além das pressões políticas no Congresso, por intermédio da Frente Parlamentar Sucroalcooleira, FHC teme aumento do desemprego e repique inflacionário.
Os subsídios atuais cobrem a diferença entre o custo de produção do álcool -mais caro- e da gasolina, ao lado dos fretes de transporte do álcool em todo o país.
Além das pressões dos parlamentares da Frente Sucroalcooleira, o Palácio do Planalto teme que o fim dos subsídios implique repique inflacionário e aumento do desemprego.
Curto-circuito
A confusão provocada pela liberação dos preços dos combustíveis nas refinarias e produtores de álcool gerou um curto-circuito na equipe econômica.
Os ministérios da Indústria e do Comércio, da Fazenda e de Minas e Energia trocam acusações na busca de um culpado junto ao Planalto para os transtornos que aconteceram por causa da liberação de preços.
O secretário de Acompanhamento de Preços, Luiz Paulo Vellozo Lucas, ameaçou pedir demissão na semana passada caso o governo anunciasse, com a liberação, um aumento médio ao consumidor superior a 10%.
Na prática, este percentual já foi superado. O governo insiste em ter como base percentual de até 13%.
A equipe de Vellozo Lucas resiste às propostas de reajuste apresentadas pelo DNC (Departamento Nacional de Combustíveis) e pelo Ministério da Indústria e Comércio.
O DNC supostamente defenderia interesses da Petrobrás e a Indústria e Comércio privilegiaria usineiros, segundo avaliação da equipe de Lucas.
Rombo
A Petrobrás alega que o reajuste de 15% concedido à gasolina nas refinarias não elimina o prejuízo mensal da estatal -basicamente importação de petróleo.
A Petrobrás alega que esse aumento apenas reduziu o déficit mensal de R$ 120 milhões para R$ 80 milhões.
O Ministério das Minas Energia atribui à Fazenda e à Indústria e Comércio a responsabilidade pela confusão porque teriam conduzido mal a questão dos reajustes.
Tanto a Fazenda quanto as Minas Energia avaliam que a ministra Dorothea Werneck (MICT) se precipitou ao anunciar os reajustes.
Sintonia
Na prática, não houve sintonia alguma entre os três ministérios, o que é alvo de críticas no Planalto.
O governo não definiu nenhuma política para o setor energético, cobrada agora pelo próprio FHC.
O socorro financeiro aos usineiros, via BNDES, está totalmente descartado pelo governo.

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