São Paulo, quinta-feira, 4 de abril de 1996
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Globo desiste de abandonar a Multicanal

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os três sócios da Multicanal -Organizações Globo, Fundo de Investimentos GP Garantia e o empresário Antônio Dias Leite Neto- voltaram à mesa de negociações e estão costurando um novo acordo de acionistas que deve reverter a crise na empresa, uma das maiores operadoras de TV paga por cabo do país.
A crise explodiu no final de fevereiro, quando a família Marinho, insatisfeita com os outros dois sócios, acionou a cláusula de saída prevista no acordo de acionistas e colocou à venda sua participação de 30% do capital da Multicanal.
Xeque-mate frustrado
Acionar a cláusula de saída equivale a uma situação de xeque-mate porque, pelo acordo, ou os sócios compravam sua participação ou seriam obrigados a vender o controle para a Globo.
Para surpresa da família Marinho, que contava com a hipótese de adquirir o controle da Multicanal, Dias Leite e o GP Garantia aceitaram a oferta: pagar US$ 150 milhões à Globo.
O rompimento era um mau negócio para os três sócios, que têm outro grande empreendimento em comum: a distribuidora de programação Net Brasil, a qual também tem participação em outras operadoras de TV por cabo.
Há cerca de dez dias, os três sócios voltaram a negociar. A Folha apurou que as negociações estão praticamente fechadas e que um novo acordo deve ser anunciado na semana que vem. Se concretizado, o acordo será divulgado num comunicado conjunto.
Pelo andamento das negociações, o acordo vai envolver uma mudança na composição societária da Multicanal. Hoje, o controle da empresa (70% das ações) está nas mãos da holding MCOM, de Dias Leite e do GP Garantia.
As discussões caminham para uma divisão igualitária entre os sócios, ou seja, cada um teria um terço do capital da Multicanal. A gestão da operadora seria dividida entre eles em igual proporção.
Com isto, seria resolvido um dos focos de descontentamento da Globo: pouco poder nas decisões.
Independência da MCOM
Outro ponto de divergência deve ser resolvido: o da independência da holding MCOM para continuar crescendo no mercado de TV paga, fora da aliança com a Globo.
Este é um ponto antigo de divergência. Começou em 1994, quando a MCOM comprou 49% das ações da TV por cabo de Belo Horizonte. A compra lhe deu o direito de preferência para aquisição do restante do capital. Em 95, a Globo decidiu comprar o controle da TV de Belo Horizonte, mas a MCOM exerceu seu direito de preferência. O lançamento de títulos da MCOM nos EUA também desagradou a Globo.

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