São Paulo, quinta-feira, 4 de abril de 1996
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Vencimentos de deputado; Juros; Verba da saúde; Aposentadoria; Modelo inspirador; Ataque aos evangélicos; Futebol carioca e mineiro

Vencimentos de deputado
"Li, estarrecido, o editorial "Os novos sem-terra", no qual a Folha, invocando frases que eu disse a uma repórter quando da discussão da acumulação de vencimentos, dá retrato amargo a meu respeito.
Relatei a ela que, após 31 anos no Judiciário, resolvera aposentar-me para poder prestar serviços no Legislativo, sem ter qualquer estrutura financeira atrás de mim. Esclareci também que o deputado rico poderia até dispensá-los.
Não era o meu caso, que dependia basicamente de meus vencimentos de desembargador para manter meu escritório em São Paulo, minha família e minhas despesas em Brasília.
Logo, não há como ter tal modesta estrutura sem meus vencimentos, salvo se tivesse empresas privadas para me dar suporte financeiro.
Esclareço que a) não tenho qualquer ajuda financeira de quem quer que seja; b) sempre me mantive correto no exercício da judicatura e, pois, não amealhei fortuna pessoal; c) procuro não ter qualquer apoio financeiro para manter minha independência.
De outro lado, a inadmissibilidade de cumulações impedirá que pessoas saídas dos quadros do serviço público possam dedicar-se à política.
Mais que isso, passará a ser o Congresso uma elite milionária que não fará a menor questão de receber seus subsídios (crêem os senhores que alguém que detém fortuna pessoal está preocupado com o que recebe da Câmara?), o que importará em detrimento da defesa dos menos favorecidos.
Abandonei meu escritório de advocacia e fui obrigado a deixar as aulas de direito financeiro na USP. Indago se renúncia a honorários e vencimentos universitários já não significam grande perda e não revelam idealismo para servir meu país.
Indague a meus ex-colegas magistrados o que fui e a meus atuais colegas o que tenho feito na Câmara. Busque informar-se a meu respeito e, quem sabe, o editorial procurará outros Oliveiras para candidato ao Congresso."
Regis de Oliveira, deputado federal pelo PFL-SP (São Paulo, SP)

Juros
"O caderno de Finanças publicou um artigo em 24/3 dizendo que os gastos do governo com pagamentos de juros foram de apenas R$ 2,3 bilhões em 1995. Por outros dados esse valor não confere com a realidade.
Segundo reportagem da Folha de 24/2, o governo gastou R$ 14,9 bilhões com pagamentos de juros ao sistema financeiro, daí se originando o déficit.
Como o artigo de 24/3 é de dois funcionários do BNDES e pretende defender a política econômica atual, ele não transparece independência em relação ao governo.
Basta ver que define como 'piora' todo e qualquer aumento de despesas, o que é inconsistente em um país ainda com crescimento demográfico e enormes deficiências no atendimento das demandas sociais."
Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe/UFRJ -Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, RJ)

Verba da saúde
"Com relação à reportagem 'Verba pública fica com hospital privado' (3/3), vimos contestar os números apresentados. Em primeiro lugar, os hospitais privados respondem por 69% das internações do país porque a iniciativa privada detém 68,83% do total de hospitais existentes.
Em segundo lugar, faltou à reportagem uma análise mais detalhada dos números apresentados. Se a rede privada recebe R$ 1,6 bilhão por 7.767.158 internações, logo cada internação custou R$ 215,78. Na rede pública, com os números apresentados na reportagem, cada internação saiu a R$ 291,02.
Afirmar, portanto, que a verba pública para a saúde fica com o hospital privado é, no mínimo, falta de conhecimento. Se ficamos com a maior fatia do 'bolo' é porque atendemos mais."
Dante Montagnana, presidente do Sindicato dos Hospitais e Santas Casas do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Resposta da jornalista Marta Salomon - A reportagem da Folha se baseou em informações oficiais do Ministério da Saúde. Os hospitais privados ficam com a maior parte do dinheiro público destinado às internações porque detêm o maior número de leitos. Sem capacidade de investir, a rede pública encolheu. Não é correto dizer que as internações nos hospitais privados sejam mais baratas. O preço médio de internação dos hospitais municipais não chega a R$ 200, por exemplo.

Aposentadoria
"Contribuí para a Previdência durante 30 anos, obedecendo o teto máximo permitido, como funcionária de empresa durante 22 anos e depois como autônoma. Fui aposentada com R$ 158,02.
Se eu tivesse contribuído somente sobre um salário mínimo, estaria hoje aposentada com um salário mínimo e teria economizado muito dinheiro, e, muito melhor que isso, não estaria me sentindo tão lesada, tão otária."
Vilma de Pina (São Paulo, SP)

Modelo inspirador
"O lúcido e oportuno artigo de Otavio Frias Filho -'Fausto à brasileira', 28/3- nos faz lembrar do grande líder dos Camisas Pretas, Mussolini, que bradava, durante o regime fascista: 'Aqueles que estão do meu lado são os verdadeiros patriotas, os opositores nada mais são do que traidores da Itália'."
Nicola Manna Piraino (Rio de Janeiro, RJ)

Ataque aos evangélicos
"Não é a primeira vez que o burguês Marcelo Coelho ataca os evangélicos. Ele entende que os evangélicos são todos analfabetos, ignorantes e descamisados. Graças a Deus, não é bem assim.
Esse tratamento, do conselheiro, jocoso, desdenhoso, em nada contribui para a convivência entre opostos e distintos. Muito pelo contrário, mostra um nítido desconforto, intolerância, e suas agressões são, no mínimo, gratuitas; e, o que é pior, esconde atrás do 'dito isto' um enorme preconceito.
Ser pobre e 'povão' não é defeito. Ser evangélico, muito menos. Será que, também, os evangélicos são os responsáveis pelas filas dos bancos e pedágios em dias de feriados?"
Antônio Roberto Martins (São Paulo, SP)

Futebol carioca e mineiro
"As notícias do caderno Esporte focalizam quase que exclusivamente o futebol de São Paulo, chegando a mencionar, muito raramente, essa modalidade de esporte do Rio e Minas Gerais.
Devido à proximidade do Rio e por estarmos dentro do Estado de Minas, gostaríamos de ter essas informações também."
Osmar Lemos (Leopoldina, MG)

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