São Paulo, quinta-feira, 11 de abril de 1996
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AGRICULTURA SEM TRAUMA

No ano passado os preços agrícolas deram importante contribuição para a estabilização. Em 1996 a contribuição do setor não será tão importante, já que se espera redução da área plantada. Mas ainda assim não há razões para temer por pressões insuportáveis dos preços agrícolas.
A mudança é produto em parte da doença da "vaca louca" no Reino Unido, que gera altas cotações para os grãos nos mercados internacionais. A euforia já chegou ao Paraná, onde há um importante pólo produtor de milho. Os cultivadores de soja também serão beneficiados.
Segundo lideranças do setor, entretanto, os produtores de soja, milho e trigo já planejam ampliar o plantio para a próxima safra, que começa em agosto. Assim, embora os preços agrícolas não possam mais desempenhar com a mesma intensidade o papel de âncora do sistema de preços, o aumento futuro da oferta tampouco autoriza a hipótese de que os produtos agrícolas possam transformar-se em vilões da inflação futura.
Já do lado dos produtores de aves e suínos, a alta dos grãos prenuncia um choque de custos. Mas dado o problema da "vaca louca", o eventual repasse de custos nesses segmentos não seria acompanhado por um aumento equivalente nos preços da carne bovina. Do ponto de vista da inflação, novamente não há como imaginar que a agricultura como um todo venha a ser fonte de pressão.
Mesmo no caso dos produtores de suínos e aves, provavelmente a alta de custos deverá levar ao menos uma parcela dos produtores a abandonarem a produção. Com oferta menor, os preços teriam recuperação no médio prazo, quando se espera que a oferta maior de grãos reduza custos.
Talvez pareça surpreendente. Mas desta vez parece que a dança de preços, oferta e procura nos mercados agrícolas não reserva nenhuma catástrofe do ponto de vista da inflação.

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