São Paulo, quinta-feira, 11 de abril de 1996
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Carreirismo vulgar

CARLOS HEITOR CONY

Rio de Janeiro - Impressionante o número de autoridades que dão palpites sobre os assuntos mais diversos. Liga-se a TV, o rádio, abre-se o jornal ou a revista -e lá estão eles, explicando por que as coisas não estão boas e por que somente eles poderão fazer as coisas ficarem boas.
Vivem em permanente campanha: o vereador quer ser deputado, o deputado quer ser prefeito, o prefeito quer ser governador, o governador quer ser presidente e o presidente quer continuar presidente.
Dois ex-presidentes estão querendo a mesma coisa.
Em nome do que chamam de "projeto político" cumprem qualquer roteiro, comem qualquer buchada de bode, aparecem ao lado dos artistas de sempre e se declaram num interminável "stand by".
Enfrentar a faina administrativa, tocando obras, reparando erros, movimentando a máquina -isso fica para terceiros escalões. A competição é truculenta, todos têm de estar aí para aproveitar o fluxo e refluxo dos acontecimentos.
As audiências são naquela base: o administrador nada administra, mas articula politicamente o projeto pessoal.
Faz e desfaz alianças, castiga ou recompensa de acordo com a meta única do seu mandato: subir um degrau. E aquele que está no degrau mais alto, esse é o mais afoito em articular a permanência no topo.
Antigamente, a isso se dava o nome de carreirismo.
Os mais pedantes, que gostavam de adjetivar, acrescentavam um "vulgar" ao substantivo, daí que a coisa se transformava em carreirismo vulgar. Apesar de ocupar a "pole position" nesse tipo de carreirismo, FHC não é o único.
Se não tomar cuidado, o prefeito César Maia vai para o pódio.

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