São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 1996
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Sem-terra desocupa sede do Incra em SP

Governo libera recursos

DA REPORTAGEM LOCAL; DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os sem-terra decidiram, ontem à noite em assembléia, deixar a sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em São Paulo. O Incra foi invadido anteontem por mil camponeses.
A decisão de sair resultou de uma reunião entre líderes do MST e representantes do Incra com o secretário-geral do Ministério da Fazenda, Pedro Parente, em Brasília.
O governo federal prometeu liberar R$ 13 milhões para assentados em São Paulo até o fim de abril, segundo Miguel Abeche, superintendente regional do Incra. Isso acabou esvaziando o movimento.
A principal reivindicação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) era justamente a liberação emergencial de R$ 10 milhões para assentados.
O próprio Incra paulista admitia, à tarde, que estavam atrasados R$ 10 milhões (referentes a 1995) e R$ 30 milhões (de 1996).
Apesar da desocupação, 150 sem-terra vão voltar amanhã de manhã à regional do Incra, para conversa com Raul do Valle, presidente do Incra. O MST quer ver agilizadas a desapropriação e arrecadação de fazendas no Estado.
À tarde, o vice-governador paulista, Geraldo Alckmin, já havia decidido repassar R$ 900 mil de R$ 2,5 milhões cobrados pelo MST do Feap (Fundo de Expansão de Agropecuária e Pesca) e prometera ainda criar um fundo especial para assentados em São Paulo.
Contag
A Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura) entregou ontem ao presidente Fernando Henrique Cardoso reivindicações do movimento "Grito da Terra, Brasil - 1996".
O movimento defende a agricultura familiar, reforma agrária e emprego. Para a Contag, 2 milhões de trabalhadores estariam prontos para trocar a terra pelas as cidades.
A Contag pede ainda que o Incra seja vinculado à Presidência da República e não ao Ministério da Agricultura. FHC disse que, em princípio, não fará mudanças.

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