São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 1996 |
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Governo tenta manter taxa do álcool
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O governo vai negociar com países do Mercosul a manutenção da alíquota de importação de álcool em percentuais reduzidos. É uma tentativa de evitar o agravamento da falta de álcool combustível.Atualmente o álcool tem alíquota fixada em 4%. Mas a partir de 28 de abril essa alíquota deveria se igualar à dos demais países: 20%. Esse custo adicional poderia representar acréscimo nos preços dos combustíveis. Seria afetada também a gasolina, que rece 22% de álcool anidro. Em busca de solução Técnicos dos ministérios da Indústria e do Comércio, da Fazenda, do Meio Ambiente e de Minas e Energia se reuniram ontem para encontrar soluções para o eventual desabastecimento de combustíveis na região Centro-Sul do país. A ministra Dorothea Werneck (Indústria e Comércio) descartou a possibilidade de faltar combustível. Segundo ela, as alternativas em discussão eram a importação de álcool anidro ou a sua substituição pelo MTBE (derivado do petróleo) na mistura com a gasolina. A diretora do Departamento de Açúcar e Álcool do MICT, Elisabete Seródio, disse que em abril não haverá problema. O risco estaria no início de maio, porque algumas usinas do Centro-Sul anteciparam a produção para cobrir a defasagem ocorrida em abril. O governo sabia há pelo menos seis meses que poderia faltar combustível em abril e maio. Documentos aos quais a Folha teve acesso, demonstram que a falta de álcool anidro para misturar à gasolina foi detectada em outubro. Durante reunião da Comissão de Abastecimento de Álcool, ficou claro que o Departamento Nacional de Combustíveis (DNC) havia sido subestimado o consumo de álcool no último plano de safra. O DNC julgou que um pedido de 2,9 bilhões de litros de álcool anidro seria suficiente para atender a região Centro-Sul, que responde por 85% da demanda nacional. Conta errada Pelas contas do DNC o consumo médio naquela região seria de 200 milhões de litros/mês. A média acabou sendo 23% maior e atingiu 245 milhões de litros. Com a previsão de crise, montou-se uma estratégia que asseguraria a complementação da demanda. Os produtores ofertaram um volume 4% superior sobre o pedido original e puseram à disposição do DNC o estoque de 240 milhões de litros do Norte-Nordeste. Haveria ainda antecipações de importações e de safras. A região que está enfrentando o maior problema é a de Campinas (SP). O desabastecimento álcool de anidro provocou falta de gasolina, segundo o sindicato de postos. Na noite de ontem, o diretor financeiro da BR Distribuidora, Reynaldo Aloy, confirmou que o governo estuda reduzir o percentual de mistura do álcool anidro na gasolina. Placas A partir da 0h de amanhã, os postos revendedores de combustíveis deverão apresentar placas provisórias contendo os preços ao consumidor em lugares de fácil visualização, informou ontem o Ministério de Minas e Energia. Os postos que não cumprirem a determinação serão multados em R$ 828,70 diários. Texto Anterior: Petróleo tem maior preço em 5 anos Próximo Texto: Combustível já pressiona inflação em SP Índice |
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