São Paulo, domingo, 14 de abril de 1996
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Dinheiro vivo traz dificuldades

REINALDO AZEVEDO; FERNANDO GODINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Por incrível que pareça, receber pagamento em dinheiro vivo, e não em moeda podre, pode trazer, dependendo da circunstância, dificuldades adicionais ao governo.
O mecanismo foi exposto pelo ministro José Serra (Planejamento) na Subcomissão de Desestatização do Congresso, em 26 de outubro do ano passado.
Se a estatal pertencer a uma holding, o dinheiro não pode ser simplesmente repassado para o Tesouro por causa dos acionistas minoritários. Vai para a holding.
Então, como é que o governo faz para que o dinheiro seja repassado da holding para o Tesouro? Entra em cena, a dívida pública.
O governo emite títulos de longo prazo e os troca pelo dinheiro vivo da privatização.
Resultado: se o governo usar o dinheiro vivo arrecadado para resgatar títulos de curto prazo, faz-se apenas uma troca. Quando muito, pode-se argumentar que melhorou o perfil da dívida, que passa a ser negociada em prazos mais alongados.
Caso se decida usar o dinheiro em investimento ou programa social, por exemplo, a venda da estatal em dinheiro corrente, ao contrário de resolver, provoca um aumento da dívida pública.
Em outubro, Serra dizia ao Congresso que esse era um problema a ser resolvido. De lá para cá, nada foi feito.
(RA/FG)

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