São Paulo, domingo, 14 de abril de 1996
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Bancos oferecem serviços para os não-correntistas

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A inflação baixa está mudando a estratégia dos bancos para conquistar novos -e disputadíssimos- clientes.
Instituições de varejo, como Real, Banco de Boston, BCN e Citibank, entre outras, aboliram a premissa secular de que, para prestarem serviços, a clientela deveria sempre abrir uma conta corrente.
Hoje, é possível aplicar em fundos de investimento, tomar empréstimos, ter cartões de crédito e fazer outras operações sem ser correntista do banco escolhido. A fidelidade ao emissor do talão de cheque, quem diria, está fora de moda no setor financeiro.
"Os bancos eram míopes na época da inflação elevada e só enxergavam os clientes por meio da conta corrente", diz Edison Costa, diretor do Real. "A estabilidade mudou essa visão. Não se pode mais obrigar os clientes a contratar serviços que não querem."
O fim da exigência, que antes obrigava as pessoas a ter contas correntes, cartões magnéticos e talões de cheques de vários bancos diferentes, é fácil de ser entendido.
Nos tempos de inflação alta, o dinheiro que "dormia" nessas contas dava um lucro indireto (o "floating") para os bancos, que aplicavam no "overnight" recursos que não lhes pertenciam. Após o Plano Real, isso acabou.
Além disso, como as pessoas deixaram de procurar bancos várias vezes por dia, a capacidade de atendimento eletrônico cresceu.
Moedinhas
O Banco Real já contabiliza uma dúzia de serviços para não-correntistas, de investimentos a financiamentos. Cerca de 33 mil não-clientes aplicam nos FIFs (fundos de investimento financeiro) do Real. Outros 400 mil têm depósitos em caderneta de poupança.
O BCN abriu para não-clientes três FIFs: curto prazo, renda fixa e "performance". Além disso, está oferecendo troco a qualquer pessoa que queira trocar notas por moedinhas de real.
Mais agressivos, os bancos estrangeiros aproveitam a crise de confiança nos bancos brasileiros para abocanhar aplicações.
No Boston, já somam R$ 150 milhões os depósitos desse tipo, cerca de 8% do total captado junto aos correntistas. No Citibank, que administra R$ 2 bilhões de terceiros, o índice é de 10%. Na carteira de crédito imobiliário do Citi, de R$ 100 milhões, 20% dos tomadores não são correntistas.
"Existe uma clientela imensa lá fora, disposta a aplicar e comprar serviços específicos de outros bancos", diz Ismar Silva, diretor do Boston. "Estamos atrás dela."

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