São Paulo, segunda-feira, 15 de abril de 1996 |
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Chefias pressionam Loyola por aumento DANIELA PINHEIRO DANIELA PINHEIRO; CARI RODRIGUES
Os chefes de departamento do Banco Central pressionam o presidente da instituição, Gustavo Loyola, a tomar uma posição enérgica para tentar reverter a suspensão do aumento de até 77,47% nos salários dos funcionários. Em um encontro no sábado pela manhã, os chefes e seus auxiliares -aproximadamente 40 pessoas- ameaçaram entregar seus cargos caso a presidência do BC não encontre uma alternativa para reajustar pelo menos os salários mais baixos, dos chamados "fraldinhas" -funcionários com menos de três anos de carreira. O episódio pode precipitar a saída de Loyola, já considerada por ele em outras oportunidades. A partir de hoje, o BC se prepara para enfrentar uma eventual greve dos funcionários, mais um fator prejudicial à imagem do banco. O aumento foi definido pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) e anunciado na quinta-feira pelo diretor de administração do BC, Carlos Eduardo de Andrade. Mas foi cancelado na sexta-feira, por determinação do Palácio do Planalto -acatada pelo CMN. Desgaste Na avaliação de alguns chefes de departamento, Loyola está desgastado e não lhe resta outra alternativa senão a demissão, o mesmo se aplicando à diretoria. A suspensão do aumento trouxe à tona a fragilidade de poder de Loyola. Outro exemplo da falta de prestígio é a negociação para a venda do Econômico ao Excel. Ele foi atacado publicamente pelo senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), que chamou os diretores do BC de "marginais". Na mesma semana, o ministro Pedro Malan (Fazenda), superior imediato de Loyola, não poupou elogios a ACM em entrevista à TV. Para alguns chefes, a situação de Loyola é constrangedora. De um lado, recebe duras críticas pela falta de funcionários qualificados na fiscalização. E quando anuncia a realização de concursos, o aumento salarial é desautorizado. Tensão O BC viveu um final de semana tenso. Houve reuniões na sexta à noite, no sábado de manhã e outra estava prevista para às 18h de ontem. Na sexta, os funcionários administrativos ocuparam o gabinete de Loyola em protesto à exclusão do plano de reajuste. Nas reuniões, Loyola reafirmava ter "tentado" o aumento, mas não admitiu seu fracasso frente à nota divulgada na sexta pelo Ministério da Fazenda, em que foi determinado o cancelamento do reajuste. Segundo chefes de departamento presentes na reunião de sexta, Loyola estava visivelmente tenso: com a voz embargada, relatou as dificuldades enfrentadas para a melhora do quadro salarial. O BC tem sido atacado pelas fraudes detectadas no Banco Nacional e também pela falta de estrutura, principalmente na área de fiscalização. Hoje, o departamento tem com 450 fiscais. No entanto, apenas 250 trabalham na verificação das instituições financeiras. O restante se divide entre consórcios e outras áreas de responsabilidade do banco. Texto Anterior: Sem partido, Itamar visita lideranças do PMDB e PTB Próximo Texto: Planalto descarta demissão Índice |
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