São Paulo, segunda-feira, 15 de abril de 1996 |
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Cristina Rogozinski cria relevos etéreos Mostra abre hoje em São Paulo KATIA CANTON
São ampliações de contornos delicados, construídos em preto-e-branco, dialogando com uma generosa escavação arredondada, valorizando vazados sobre a parede central da galeria. Mas essa artista dos anos 90, aos 30 anos, não crê na abstração pura e simples. O que sugere austeridade na economia de formas e cores revela um pensamento conceitual complexo, sintético. A negação do abstrato começa no batismo. Rogozinski dá título a cada uma de suas obras: garrafas, chapéus, tinteiros, tigelas, pires, copos, xícaras, anéis. "São vistas aéreas, simplificadas dos objetos", explica. Rogozinski herdou um trabalho ligado ao pop e aos objetos domésticos. No começo, eram obras como um tomate gigante, feito de latas de molho de tomate. Depois, imagens culinárias foram transportadas para outros materiais. Esse questionamento sobre material e forma foi depurado na exposição "Trabalhos Recentes". Aqui, há apenas relevos pretos, feitos de resina líquida, ou brancos, construídos com gesso. A escavação na parede, que dá apenas o contorno do branco sobre o branco, completa o jogo do convexo-e-côncavo. Rogozinski faz questão de esculpir à mão. Por outro lado, tem prazer na multiplicação das formas. Na somatória das formas delineadas em branco, chapéus se confundem com pires. Nos contornos pretos, tigelas conversam com copos e xícaras empilhadas. A artista parte do desenho para chegar, nos relevos, a uma redução quase cruel das formas e materiais. Para ela, afinal, fica tudo muito claro: o preto é desenho, o branco é protuberância da parede; a madeira é o tom natural. Exposição: "Trabalhos Recentes", de Cristina Roggozinski Local: Galeria Millan (r. Francisco Leitão, 134, tel. 852-5722) Texto Anterior: Atriz inocenta 'Mulheres Diabólicas' Próximo Texto: Programas embaralham ficção e notícia Índice |
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