São Paulo, quarta-feira, 17 de abril de 1996
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Produção de suínos pára de crescer

DA REPORTAGEM LOCAL

A queda das cotações do suíno e a explosão dos preços do milho, principal insumo das rações, desestimularam os criadores a ampliar seus rebanhos.
Segundo Valdomiro Ferreira Júnior, presidente da ABCS (Associação Brasileira dos Criadores de Suínos), a produção da carne este ano pode estacionar no mesmo número de 95 (1,5 milhão de t).
A produção no ano passado cresceu 17% sobre o resultado alcançado em 94.
No início do Plano Real, o consumo de carnes cresceu, o que puxou para cima os preços do suíno e animou os criadores a aumentar seus rebanhos.
A cotação do quilo vivo em 94 pulou de R$ 0,66 em julho para R$ 0,97 em dezembro, segundo o Cepa (Instituto de Planejamento e Economia Agrícola), da Secretaria da Agricultura de Santa Catarina.
Entretanto, durante o ano passado o consumo da carne se estabilizou, enquanto a produção continuou subindo.
Como consequência, os preços foram despencando mês a mês ao longo de 95 e este ano.
Na semana passada, os preços do quilo vivo do suíno variavam de R$ 0,67 a R$ 0,70 em Santa Catarina, Estado que produz um terço da carne suína consumida no país.
Para Clóvis Puperi, vice-presidente da Abipos (Associação Brasileira da Indústria de Produtos Derivados de Suínos), o setor precisaria repassar a seus produtos as altas do milho e dos combustíveis.
Mas Puperi reconhece que o momento não é propício a repasses, devido à contenção dos salários.
"O consumidor não absorveria altas nos valores dos produtos."
A forte elevação das cotações do milho também preocupa.
"Se os preços mantiverem a tendência de alta, muitos criadores vão descartar matrizes para diminuir a oferta de animais", diz Ferreira, da ABCS.
O milho compõe 70% da ração suína. Na semana passada, por exemplo, o criador catarinense precisava de 11 quilos vivos de suíno para adquirir uma saca do grão.
A relação em abril de 95 era bem mais favorável ao criador, que gastava, em média, 6,7 quilos vivos na compra de uma saca de milho.
"Esperamos que o governo garanta um abastecimento de milho tranquilo por meio dos leilões", diz Ferreira.
Para ele, os leilões são a única forma de amenizar a forte pressão que a alta do milho exerce sobre os custos dos criadores.
Marketing
A ABCS e a Abipos lançaram no final de março uma campanha para melhorar a imagem da carne suína junto ao consumidor.

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