São Paulo, quarta-feira, 17 de abril de 1996
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Truffaut faz elogio da mulher em "Uma Jovem"

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Nenhum cineasta foi mais fascinado pelas mulheres do que François Truffaut (1932-1984). "Uma Jovem Tão Bela como Eu" (Globo, 1h10) não é o ponto máximo desse fascínio ("O Homem que Amava as Mulheres", de 1977, é imbatível nesse aspecto).
"Uma Jovem" vai em uma direção inesperada, ao juntar a delinquência e a sedução. Bernadette Lafont é a prisioneira a quem um jovem sociólogo procura compreender.
Ela contará sua vida de golpista, ao mesmo tempo em que ele, seduzido por ela, termina por pleitear sua inocência. O filme é desigual: certos episódios são notáveis, outros, nem tanto.
Mas é especialmente o Truffaut irônico que aparece aqui: por um lado, observa a inocência dos bons sentimentos (a do sociólogo), por outro, observa o que há de inocente no crime e na malícia. E também, como sempre em Truffaut, este é um filme da mulher, do fascínio absoluto pela mulher. Tudo acontece como se Truffaut, a rigor, não conseguisse admitir a criminalidade de Lafont.
Ou, mesmo admitindo-a, não aceitasse. O encanto de uma mulher já é uma forma de inocência.
(IA)

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