São Paulo, quarta-feira, 17 de abril de 1996
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Bancos temem ciberladrões

MARINA MORAES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Os bandidos do ciberespaço estão tirando o sono dos banqueiros americanos. Logo agora que os homens do dinheiro imaginavam ter encontrado a saída para eliminar de vez as filas nas agências do país.
A idéia era jogar pesado no home banking. Convencer os clientes a deixar de vez de ir até as agências, fazendo todo o movimento da conta via modem, a partir do micro doméstico.
Basta fazer uma ligação para receber a domicílio o disquete ou CD-ROM com o programa. Tem sido o maior sucesso. Hoje, pelo menos 200 mil clientes só frequentam o banco on line.
Aqui em casa, por exemplo, abandonamos o envio de cheques pelo correio e passamos a pagar boa parte das contas mensais pelo micro. Não perdemos mais tempo no metrô, nem atrás de vagas no estacionamento.
O absoluto sucesso do sistema deveria provocar uma disparada de outros bancos para adotá-lo, certo? Mais ou menos. O Citibank redobrou os cuidados na expansão dos serviços on line.
Ciberpunks bisbilhoteiros
É que os especialistas do banco descobriram que, no passado, desde sua base na Rússia, um grupo de ciberpunks andou bisbilhotando o sistema central de gerenciamento de caixa, que controla o movimento de bilhões de dólares.
Não houve prejuízo para os clientes, mas a experiência deixou muito banqueiro com frio na espinha. O mesmo computador que facilita nossas vidas pode virar arma do crime.
O problema será no próximo passo, quando os bancos decidirem se ligar diretamente à Internet, oferecendo seus serviços a qualquer frequentador da rede, mesmo que não seja um cliente cadastrado, com telefone e endereço conhecidos.
O alerta veio do próprio presidente do Citibank, John Reed, que advertiu os colegas. Quem não se cuidar no ciberespaço estará sujeito a fraudes maciças.
Não que os planos para o home banking estejam sendo abandonados. Mas o medo da invasão dos ciberpunks já fez os banqueiros tirarem o pé do acelerador, revisando a implantação dos planos, esticando os prazos, duplicando as barreiras contra os invasores.
O mesmo está acontecendo com os planos para o chamado dinheiro eletrônico. Ele estréia para valer nas Olimpíadas de Atlanta, a bordo dos cartões Visa que você poderá usar para pagar pequenas contas.
Vamos dizer que você carregue no bolso um cartão de US$ 50. O valor de cada conta será descontado com a passagem do cartão pela máquina de leitura óptica na loja.
O projeto é eliminar o papel moeda, permitindo abastecer os cartões de valor sem sair de casa. Mas uma recente análise sobre o potencial de fraudes concluiu que esse passo só poderá ser dado com segurança no ano 2000.

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