São Paulo, quinta-feira, 25 de abril de 1996
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Passageira nota barba postiça descolando

ROGÉRIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

A publicitária Lucilene Parise, 35, foi a primeira passageira a notar os ladrões entre os passageiros, porque um deles usava barba postiça que começou a descolar.
Ela estava sentada na primeira fileira, separada deles pelo corredor.
(Rogerio Schlegel)
*
Folha - Quando você percebeu os ladrões?
Lucilene Parise - Quando sentamos, vi que o rapaz estava com uma barba postiça, muito mal colocada, que desgrudou na altura da costeleta. Ele ficava alisando, tentando disfarçar. Não dava para deixar de notar.
Ele colocou uma bala na boca, e aí seu bigode também descolou. Achei aquilo estranho e comecei a olhar. Discretamente, ele me mostrou o que devia ser uma minimetralhadora, que trazia junto ao corpo. Fiquei branca. Logo depois, começou o assalto.
Folha - Eles fizeram ameaças?
Lucilene - Não, foram até muito educados. Dois foram para a cabine do piloto, empunhando metralhadoras. O outro se virou e disse para que ficássemos calmos, que só estavam interessados no dinheiro do porão.
Folha - Alguém reagiu?
Lucilene - Ficamos até bem tranquilos. Em parte, porque os próprios ladrões estavam calmos e frios, falando em voz baixa. Eles só insistiam que não devíamos olhar para seus rostos. Um passageiro levou uma bronca porque eles tiveram que pedir três vezes para que desligasse o telefone celular.
Folha - Vocês foram avisados de que o avião levava quantia elevada em dinheiro?
Lucilene - Não, mas a gente podia imaginar. Quando embarcamos, andando a pé pela pista, havia dois carros-fortes e mais de vinte malotes ao lado do avião, sendo colocados no porão. Eram daqueles sacos que, nos filmes, sempre têm dinheiro dentro.
Folha - O roubo foi demorado?
Lucilene - Não demorou nem cinco minutos e foi mesmo cinematográfica. O vôo acabou atrasando duas horas. Teve um médico que, após o assalto, pediu que fôssemos logo para São Paulo, que tinha uma operação marcada. Eu mesma tive que cancelar todos os meus compromissos da tarde. Mas, convenhamos, isso só acontece uma vez na vida.

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