São Paulo, quinta-feira, 25 de abril de 1996 |
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Belgas são estranhos no ninho
MARISA ADÁN GIL
É a primeira vez que uma banda estrangeira participa do festival. Paulo André, o empresário que organiza o evento, conheceu o grupo por meio de uma namorada belga. Formada em 1992, com apenas um disco gravado ("Worst Case Scenario", de 1994, que a Polygram lança agora no Brasil), Deus é considerada a melhor banda européia (não-britânica) dos 90. "Rompemos o bloqueio do ingleses", conta o vocalista Tom Barman, em entrevista à Folha. Na Inglaterra, o primeiro disco dos belgas foi recebido com elogios rasgados. "Vencemos o preconceito. Os ingleses nos julgam o povo mais chato do mundo." Só fizeram sucesso em seu próprio país depois do reconhecimento britânico. "É típico de países que não têm uma cultura pop." Descrever o som do grupo não é tarefa fácil. O "dEUS" (como eles gostam de grafar) já foi comparado a Pixies, Portishead, Smashing Pumpkins e Massive Attack. "Queremos fazer o que o Velvet Underground fazia", diz Barman, admitindo sua maior influência. "Um pop perturbador, com elementos estranhos." Eles não possuem a viola de John Cale (que fundou o Velvet com Lou Reed nos anos 60), mas têm um violino que funciona como uma segunda guitarra. "Estamos interessados em barulho e suavidade. Somos parecidos com bandas como Beck. Misturamos baladas, canções pop, barulho, jazz e samplers. E torcemos para que isso tudo forme uma entidade única, reconhecível." A banda -além de Barman, Jelle de Borgher (bateria), Klaas Janzoons (violino), Rudy Trouve (guitarra) e Stef Kamil (baixo)- fica em Recife apenas quatro dias. "Temos que voltar para a Bélgica para finalizar o segundo disco", explica Barman. O lançamento está previsto para agosto. "Do Brasil, só conheço Marisa Monte e Sepultura", diz. Mas não é fã de nenhum dos dois. "O que quero mesmo é conhecer as bandas aí de Recife. Que tipo de som elas tocam?" Texto Anterior: Recife recebe o pop agreste do Brasil Próximo Texto: Dança e música da Índia chegam ao país Índice |
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