São Paulo, quinta-feira, 25 de abril de 1996
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Kirk sufoca no Oeste

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Michael Douglas falou uma coisa muito verdadeira, pouco antes de seu pai receber um Oscar honorário. Disse, em linhas gerais, que era uma justa homenagem: ele, Michael, que era muito pior ator, já havia ganho o Oscar duas vezes, enquanto o pai, Kirk, nunca.
"Homem sem Rumo" (TNT, 5h45) é quase uma prova dessa afirmação. O magnífico faroeste de King Vidor deve muito à intensidade insana com que Kirk representa seu papel.
O filme é marcante na saga do arame farpado, esse momento em que as propriedades passam a ser demarcadas agressivamente. É também quando o homem clássico do Oeste -livre e sem rumo- começa a virar um brontossauro. Fixar-se, para ele, é como morrer.
É nessa encruzilhada que Vidor situa seu filme: no instante em que a própria fixação faz do homem um deslocado.
Como o horário é ingrato, vale a pena gravar este filme, que merece ser visto e revisto.
É um faroeste um pouco obscurecido pela grandiosidade de "Duelo ao Sol", que Vidor fez com produção de Selznick nos anos 40.
Mas tem a seu favor fatores importantes. É um desses trabalhos em tom menor, e o tempo conspira a seu favor, e tem Kirk Douglas em grande momento: as marcas de sufocação pelo fechamento dos espaços, que o filme pretende desenvolver, estão no rosto e no corpo de Douglas.
(IA)

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