São Paulo, sábado, 27 de abril de 1996
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Bancos vão lucrar R$ 460 mi na Justiça

ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os bancos vão economizar R$ 460 milhões em impostos e contribuições, mesmo se a Receita Federal conseguir reverter todas as liminares que as instituições obtiveram para ampliar a provisão de créditos duvidosos -de difícil recebimento.
Isso porque os valores deduzidos em 1995 só vão ser compensados nos balanços de 1996. Neste ano, as alíquotas do IRPJ (Imposto de Renda das empresas) e CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) sofreram redução.
A informação consta de documento da própria Receita Federal, enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal) na ação que derrubou, na quarta-feira, a liminar do banco ABC Roma -que permitia deduzir do IR créditos vencidos e não recebidos há mais de 60 dias.
A Receita sustenta que esses créditos só podem ser considerados duvidosos se o banco não os houver recuperado após um ano (até R$ 4.143) ou após dois anos (mais que R$ 4.243) do vencimento.
A exemplo do ABC Roma, outros bancos obtiveram liminares, reduzindo em R$ 3,15 bilhões a arrecadação de CSLL e IRPJ prevista para o ano passado.
A derrubada da liminar do ABC Roma abre um precedente que pode influenciar favoravelmente ao governo as decisões de juízes federais e dos tribunais regionais.
Assim, o Tesouro poderia reaver parte dos R$ 3,15 bilhões que deixou de arrecadar no ano passado. Desse total, R$ 460 milhões vão permanecer nos cofres dos bancos.
Em 95, os bancos abateram do IR R$ 7,5 bilhões em créditos duvidosos. Usando as regras da Receita, esse abatimento ficaria restrito a apenas R$ 250 milhões.
Bom negócio
Se a Justiça der ganho de causa à Receita em todas essas ações, o valor deduzido a mais no ano passado deverá ser revertido no ano seguinte -ou seja, em 1996.
Ocorre que, ao deduzir esses créditos em 95, os bancos se livraram de pagar alíquotas maiores -o IRPJ tinha 25%, enquanto a CSLL tinha 18%. Neste ano são de 15% e 10%, respectivamente.
Assim os cálculos da Receita Federal indicam que, mesmo se perderem as ações, os bancos teriam feito bom negócio ao questionar a provisão de créditos duvidosos.

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