São Paulo, sábado, 27 de abril de 1996 |
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BC puxa taxa de juros para baixo no over
JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
A rigor, portanto, o BC decidiu fazer o juro descer de escada de abril, que tem 20 dias úteis, para maio, com 22. Somente a diferença de dias faria o juro nominal cair. É que o juro respeita feriado e finais de semana, não rendendo. Ou seja, uma mesma taxa nominal pode dar um rendimento maior, dependendo do número de dias úteis. O BC teve de usar a escada para impedir que os bancos ganhassem dinheiro se aproveitando do calendário. É que os compulsórios (dinheiro que tem de ficar depositado no BC) funcionam como o saldo médio. Ou seja, dentro de um determinado período, o banco é obrigado a manter depositada uma certa quantidade de dinheiro. O banco pode movimentar livremente 20% dos recursos do compulsório. Na prática, essa flexibilidade significa que os bancos iam operar contra o BC para lucrar com a diferença da taxa de juros nominal entre abril e maio. Para minimizar o ganho da manobra, o BC decidiu antecipar a queda dos juros. Para o mercado, o último degrau da escada (que só deve ser pisado em 2 de maio) deve ficar em torno de 2,6%. A ação do BC, que confirmou as expectativas de queda dos juros, acabou provocando um movimento de realização de lucros nos mercados futuros. Por isso, na BM&F, os futuros fecharam apontando taxas efetivas mais elevadas do que no dia anterior. É que, por conta da fórmula de cálculo da TR, o rendimento das cadernetas começa a ficar muito próximo das projeções de inflação. Além disso, como o BC sinalizou juros mais baixos e corrigiu o câmbio, o juro sobre o dólar também apontou para baixo. O freio em discussão, é óbvio, é o que controla as taxas pagas ao investidor e não as cobradas no crédito -que continuam, como bem definiu o governo, escorchantes. Texto Anterior: Bradesco entra na BM&F e pede redução de taxas Índice |
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